O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 20 de Abril de 1920

ou mesmo com uma certa frequência, a n3,o ser em períodos excepcionais, òm que, como na hora presente, os ânimos estão excitados. Basta dizer que em Lisboa se consomem, diariamente, mais de 165:000 pães, para se compreender a razão da minha afirmativa.

Tenho a certeza plena, Sr. Presidente, de que os dados que o Sr. Ministro tem em nião, enviados pela polícia, foram fornecidos pelos padeiros e não provieram duma observação directa.

A verificação da proporcionalidade do numero de sacas de farinha de l.a e de 2.a, saídas das fábricas, ainda se pode fazer. Mas; depois, nada impede o pa-deir.o de peneirar ligeiramente a farinha de segunda e aumentar-a percentagem de pão de l.a, completando por esta forma os roubos iniciados pela moagem. .

A criação do tipo de pão único soluciona o problema dos roubos da panificação, sem, como dissemos, e ó bom acentuar, impedir os da moagem. Nada impede, de facto, que do trigo não tenha sido retirada uma certa quantidade de farinha extra, de modo que o tipo de pão. único não seja o'resultado dum integral aproveitamento do trigo. Nada impede de levar a extracção do trigo mais longo do que o marcado na lei. Mas a forma de evitar os primeiros roubos foi já apontada.

Mortas, por este processo, jis duas formas de roubar mais importantes, restam ainda os processos secundários do roubo. A moagem, por exemplo, usa misturar com a farinha de trigo, outras farinhas, como a farinha de mandioca, para não citar outras.

E isto aparente nas ocasiões em que o pão aparece extraordinariamente alvo, com o que se regozijam grandemente os consumidores. Há que proibir, por isso, em absoluto, a entrada na moagem de quaisquer produtos panificáveis, sem conhecimento prévio do GrovOrno, sob pena das mais graves sanções penais.

Para, de certo modo, limitar os ofeiíos prejudiciais do actual regime monopolista; há quo proibir quo entrem no rateio do trigo exótico as fábricas que estejam paradas mais do quo um certo número do ílias no auo.

AÍ. inoa^íMp foni inúmera íVVlt :i3 pura- ] d-.-,ú tono o ano e nue fíírr.rari1 (orno eui í

15

elaboração para o efeito de receberem o trigo imporiado pelo Estado. Acabe-se, duma vez para sempre, com esta burla.

E, apontados, assim, os aspectos mais curiosos, alguns deles inéditos, da questão, volto à fórmula única qne há para a solução deste problema: «Quem rouba deve pagar».

Apure-se a parte quo é apurável do roubo. O exame à escrita permite o cômputo do mínimo desse roubo. Vamos para isso. Mas qualquer inquérito é desnecessário, uma vez que se não estabeleça previamente qual o castigo que se deve dar aos prevaricadores. Teve o Sr. Ministro da Agricultura dois dias para pensar no caso. Chegou a sua hora de falar. Elo vai responder-me, sob pena do seu silencio o amarrar para todo o sempre 'à moagem. Fale o Sr- Ministro e não se esqueça de que a fórmula ó só esta: «Quem rouba

pagar»

Poderá alguém prcguntar-me a razão da minha sanha contra a moagem. O quo pretendo — preguntarão aqueles que em tudo querem ver interesses mesquinhos e vis.

De cabeça bem levantada, eu responderei a. estes mudos interrogatórios, que eu leio nos olhos de muitos : pretendo que neste país, de hoje em diante, as leis se façam para se cumprir, e pretendo quo se cortem a um polvo, que tudo pretendia absorver na sociedade portuguesa, alguns dos. seus tentáculos.

De facto, a guerra permitiu, com o auxílio da fraude, reunir nas mãos da moagem capitais disponíveis enormes. A pouco e pouco, esses homens começaram a alargar o seu campo de operações. Eles são hoje senhores, entre outras cousas, do seguinte :

Moagem, panificação, indústria da bolacha e fabrico de massas, energia hidráulica, minas de carvão, metalurgia, indústria do fiação, etc.

O seu poder torna-se estranho, compram jornais políticos o não políticos, o manobram assim, à vontade, as consciências públicas. Políticos altamente cotados. indigitados para os m ais altos cargos dentro da Eópubliea, são conhecidos poios nmleques de moagem; são -sorvos atontou às ordens dor. donos.