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Diário da Câmara dos Deputados

portaria que elevou a 100 por cento a sobretaxa sobre as tarifas ferroviárias. Os contratos bancários alteram-se à vontade do freguês. Os tentáculos do polvo, atravessando o Oceano, querem ir já até" a África.

É preciso que as iniciativas se desenvolvam, mas dentro da lei, e sem que a sociedade sirva apenas para rodilha cm que altos magnates da finança esfreguem as botas olímpicas. Porque o Parlamento soltou gritos do independência perante a escandalosíssima negociata dos navios, queriam já fabricar um Parlamento à sua imagem e semelhança.

Reajamos, pois, contra o polvo. Ele que pague o que devo para assim se mostrar que elo não é omnipotente, e que não é capaz de comprar-nos.

A fórmula, repito -mais uma vez, é: «Quem rouba deve pagar».

O Sr. Alberto Jordão : — Mando para a Mesa vários pareceres.

O Sr. Ministro da Agricultura (João Luís Ricardo):^—Ouvi com a maior atenção us cuHMtleraçues íerias pelo Sr. Cunha Liai. Começo por responder a S. Ex.a pela parte final do seu discurso.

S. Ex.a não foz um discurso de ataque ao Governo, mas sim à competência dalguns Ministros e, muito especicilmente, à competência do Ministro da, Agricultura. Essa competência ó maior em outros homens que não no,s que se sentam nestas cadeiras.

S. Ex.a sabe muito bem que eu vim para ôste lugar, não porque mo indicasse um partido, nem por vaidade, para armar à popularidade, mas porque alguém me disse para vir ocupar este lugar visto eu ter proposto os meios de desenvolver o fomento agrícola.

S. Ex.a fez-nie justiça dizendo que eu era um homem honesto. Pode S. Ex.a estar certo de que defenderei com honestidade os interesses do Tesouro e os do País.

Agora, respondendo à prcgunta concreta de S. Ex.a e à interrupção do Sr. Júlio Martins: eu disse noutro dia que procedia conforme as leis e esperava que o Parlamento me habilitasse com elas. Eu disse que entendia que o inquérito fosse largo.

Interrupção do Sr. Cunha Liai.

O Orador : — Não quero aqui trazer a nota des-agradável do que o Ministro não poderá confiar na acção dos funcionários púbJicos, mas S. Ex.a sabe quanto é difícil fazer um. inquérito dessa ordem por elementos burocráticos; acima de tudo isso deve estar o Paiiameato.

O Parlamento nomeou uma comissão de inquérito paramentar' à questão dos abastecimentos porque julgou que só os parlamentares poderiam actuar nesse inquérito. Eu posso garantir a S. Ex.a que, desde que ess'a comissão de inquérito demonstre que houve roubos é os seus quantitativos, se não tiver nas leis em vigor jneio de fazer reentrar esse dinheiro nos cofres públicos, eu virei aqui ao Parlamento para que ele me habilite com a legislação suficiente para que -tal se consiga.

Poderá S. Ex.a dizer -me que isso não basta; mas o que eu posso garantir é que, emquanío estiver nesta cadeira, o meu propósito é este, sendo minha convicção que, se aqui não estiver o tempo bastante para que essa comissão dê o seu parecer, o meu sucessor há-de com cer-

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S. Ex.a pôs bem a questão; é unia questão de moralidade, e a República só se pode dignificar pondo primeiro as questões de moralidade.

Como S. Ex-as sabem, a moagem pra tica fraudes que são difíceis de evitar, algumas das quais são desconhecidas de S. Ex.a o de mini, visto que a lei n.° 960 tinha saído há muito pouco tempo do Parlamento e, portanto, ela não é da responsabilidade do Ministro da Agricultura, mas sim do Parlamento.

O Sr. Cunha Liai': — Eu não estava no Parlamento quando foi aprovada essa lei.