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Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: — Não ouvi apontarem-me fraudes na panificação.

O Sr. Cunha Liai: -^-V. Ex.a, com o seu limite extremo, faz chegar-nos ao .ponto da falsificação pela mistura da l.a com • 2.a qualidade.

O Orador;—Eu posso fiscalizar isso.

Aludiu-se também à falta de pão. A polícia fez um víirejo às fábricas de moagem, mas logo se abasteceu toda a gente, e sobejaram 400 e tantos pães.

Esta fraude da moagem, disse-o S. Ex.a, é para dar mais pão d3 2.a qualidade, (? não é A*erdade?

O Sr. Cunha Liai: — Misturam uma parte de farinha, de l.a*corn a de 2.a e apenas fabricam l.a qualidade.

O Orador:—Podem fugir os lucros dentro dum limite escasso, mas se há pão de 2.a com fartura. . . dá para ir para fora de portas.

O Sr. Júlio Martins: — j Mas se todos dizem que o pão de 2.a falta!

Vejo isso todos os dias e o Sr. Ministro vem aqui e diz-no-s que há pão de 2.a com fartura.

O Orador: — Há sim, senhor. Há pão de 2«a, é a prova é que está saindo de Lisboa e está sendo apreendido, e tanto é assim que já se têm apanhado padeiros escondidos em escadas com sacas de pão vendendo-o a saloios, pelo que se .vê que o pão, não só chega, 'como abunda.

Peço, portanto, a-V. Ex.a, Sr. Presi-.dente, o obséquio sde me reservar a palavra para a sessão de amanhã. . O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando haja devolvido as notas taquigráftcas.

antes de se 'encerrar a sessão

O Sr. Dias da Silva: — Sr. Presidente:-como o assunto do que desejo tratar é de alto interesse para o prestígio da Repú-blica, rcscrvo-me para amanhã me ocupar dele em negócio urgente.

Trata-se, Sr. Presidente, do esmagamento da liberdade de imprensa.

O Sr. Afonso de Melo: — Sr. Presidente: já tive ocasião de particularmente ex-

por ao Sr. Presidente do Ministério o assunto que vou referir à Câmara.

S. Ex.a prometeu-me enteio que tomaria as providências precisas, e estou certo de que as tomou ; porém, as suas ordens não foram cumpridas.

O Sr. Presidente do Ministério, que tanta importância liga, e isso não lhe fica senão jbem,- e com isso se orgulha, ao facto de se fazer respeitar pelas autoridades suas subordinadas, vai decerto ficar admirado com o que vou narrar à Câmara, e que é precisamente, a verdade. ' .

.V. Ex.a deve saber que tendo sido marcadas as eleições gorais para renovação de todas as vereações municipais do país, a eleição se não pôde fazer com ré-' gularidado no concelho do Tondela, devido ao facto de na véspera da eleição terem arrombado a porta da secretaria da câmara* municipal, e do gabinete da secretaria Aterem, tirado os cadernos eleitorais, pelos quais no dia seguinte se devia fazer a chamada dos eleitores.

Não se sabe quem foram os audaciosos ê indignos .autores deste roubo, que, na verdade, envergonha a República.

De lastimar é, na verdade, Sr. Presidente, que factos destes se doem em plena República! Não se sabe ainda quais foram os autores do tal, atentado; no emtanto, o que é um í acto ó que no dia seguinte àquele em. que ele foi praticado, no dia em que s"e devia realizar a eleição, não compareceu junto da«s assem-bleas eleitorais um único adepto do Partido Democrático

Sr. Presidente: o que é ainda um facto c que a eleição não se realizou na data que estava marcada para todo o país, e que só veio a realizar-se há cerca de uni mês.