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Diário da Câmara dos Deputados

Perguntará o Sr. Cunha Liai por que razão, alterando on certos artigos, não alterei tudo. Não é, porem, minha intenção atacar o probloma da moagem em toda a sua complexidade. Esporava ter de tratar do assunto no Parlamento, porque, se. algum Sr. Deputado o não levantasse, lovantá-lo-ia eu, para mostrar a necessidade do o estudar cuidadosamente, não para armar à popularidade, que pouco me importa, porque só há para mim um juiz—a minha consciência.

Estou na hora om que jnlgo que sairei daqui mal com Deus e com o Diabo, parque aqueles cujos interesses estou prejudicando não me podem tragar e o povo ainda se não sente bem, ainda é arrastado a muitas situações de combate, fazendo com que o Ministro tenha as maiores dificuldades.

Não foi para armar à popularidade que fiz -baixar o preço do pão, nem jamais disse que ia para o Ministério da Agricultura resolvido á adoptar um só tipo do pão. O Sr. Cunha Liai não encontra esta afirmação nem em reuniões nem em jornais. . •

Pode S. Ex.a procurar a colecção de todos 'os jornais, desde os de menor circulação, até os da maior circulação, que -n~io encontrará esta afirmação feita por mim em lugar algum; ,o que eu disse,é que i-i disposto a estudar o problema do tipo. do pão único, com o fim de evitar a má qualidade e a pequena quantidade do pão de segunda.

Na primeira hora não pensei em baixar

o preço do pão, mas sim consegui-lo do

' melhor qualidade e em maior quantidade.

Pareceu-mo quo isto seria inak benéfico do que estabelecer uni tipo de pão único, tanto mais que pelo que diz respeito a fraudes entendo que elas não deixarão de ser as mesuras: pão mal cozido tanto se pode~fazer nos dois tipos do pão, como no único' tipo de pS.o, falta de pOso. In n to se pode dar num caso como noutro.

Podem preguntar-me : £ considerou o Sr.'Ministro da Agricultura a junção de centeio ou de qualquer outro cereal pani-ficávei?

Considerei, sim senhor, mas é que centeio não há quási nenhum no pais.

Considerei o caso da junção do milho, apesar de saber tyue o milho nacional existe em pequena quantidade, apesar do

saber que nesta época não poderemos adquirir milho cm África, em boas condições, porque estamos num final de colheita. Considerei tudo isso, mas verifiquei que era difícil fazer a junção do trigo coto milho, em Lisboa, porque, como S.N Ex.a decerto sabe, para se fazer um pão de trigo com milho é necessário trabalhar o milho aparte, trabalhar o trigo e depois juntá-los.

Alem disso não tenho a quantidade de milho necessária. „

Eu quando fui tomar posse do meu lugar, encontrei requisições de rnais de-500 vagões de milho'que não podiam ser satisfeitas, pois que o milho quando chegava ao Tejo vinha quási todo avariado.

Além disto encontravam-so no Tejo quatro barcos com trigo, que há dois meses aguardavam a sua descarga, sendo esse um dos meus primeiros actos, mas somente cerca da terça parte pôde ser aproveitada.

Não ó fácil trazer o milho do África, em condições vantajosas, em quanto o problema colonial não estiver resolvido, pois que V. Ex.as sabem que o caminho de ferro do Benguela não tcrn a capacidade precisa para o seu transporte para o litoral.

No !eintanto, devo dizer que o Sr. Ministro das Colónias brevemente trará ao Parlamento a questão dos caminhos de de forro de Anibaca, Mossâmedes o Ben: guela. pois que o não quis fazer durante o interregno parlamentar.

Com referência, ao trigo da Beira, na outra costa da África, eu tenho a dizer quo havia fechado um contrato para o fornecimento duma grande quantidade de milho, mas por virtude da grovo telégra-fo-postal, cfuando esse contrato ia ser confirmado, do lá responderam que, cm vista de terem passado uns vinte dias. tinham disposto dele aos italianos.

Eu bem sei quê podia .mandar requisitar todo o milho da Beira, mas V. Ex.as sabem que ele saía todo pela Rodésia e eu não tinha meio de o evitar.

No cmtanto estou a tratar do assunto, e espero fazer uma larga aquisição de milho e trigo em condições muito niais vantajosas do quo aquelas que os nossos importadores nos poderiam oferecer.