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do Ministro do Comércio; não o faço, todavia, porque, talve^ dotado de mais escrúpulos, não gosto de meter-me na vida particular de ninguém.

Parece que, propositadamente, se estabelecem duas espécies ou categorias de sensibilidade: uma para aqueles a cuja honra não faz mal que ande abocanhada e depreciada, a outra para entidades privilegiadas e intangíveis* A honra daqueles homens, que on^em aqui foram caluniosamente atingidos j não faz mal que seja vilipendiada, porque só quem tem sensibilidade pela sua honra 'é o Ministro do Comércio I

Os outros não podem sequer °aianda,r prosseguir um processo que está parado, porque isso é um crime; mas o Ministro pode aumentar as tarifas da Companhia onde têm interesses, porque está acima da humanidade, e para se defender não hesita^ em meter-se na vida particular de alguém tentando, porventura, aludir aos defeitos que atribui a esse alguém.

Se eu dou crédito ás afirmações que me fazem, também poderei dizer que há homens neste mundo que nem sequer sabem respeitar a sna dignidade de homens, procedendo às vezes como mulheres. • O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando devolver, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Q Sr. António Granjo: — Sr. Presidente: com espanto meu, encontro no relato parlamentar da sessão nocturna de ontem, no Diário de Notícias, o seguinte:

«Sobre o modo de votar usam da palavra os Srs. António Maria da Silva (sub-leader democrático), Júlio Martins (leader popular), Raul Portela (liberal), que pede esclarecimentos ao Sr. Vaz Guedes sobre o que afirmou referente ao Sr. António Granjo, a "propósito da sua interferência num caso j como advogado, esclarecimentos que o Sr. Vaz Guedes dá, ilibando absolutamente a intervenção do leader liberal e que satisfizeram o orador...»

Eu sei como se escrevem os relatos parlamentares. Sou jornalista, pelos menos ocasional, e compreendo como facilmente os jornalistas, que fazem ô extracto das sessões, por vezes se descuidam lameu-

JÔiârio da Câmara dos Deputados

távelme.nte no sentido definido dos incidentes.

Na Câmara ninguém proferiu ontem uma palavra a meu respeito, sobre qualquer intervenção minha como advogado em qualquer caso.

Tinha de antemão essa certeza, porque me tenho negado sempre à intervir como advogado nos casos que correm pelas repartições públicas e que não sejam dos tribunais.

É bem alto o digo.

-Eu, Sr. Presidente, nunca o fiz,'e em-quanto mantiver as' minhas faculdades mentaia nunca o farei, por isso que en-. tendo, relativamente a Deputados e homens públicos, mesmo que não sejam Deputados, que eles não têm o direito moral de pertencer a Companhias, que tenham relações- com o Estado e com as câmaras municipais.

Eu entendo, Sr. Presidente, que é preciso e&tabelecer este preceito moral, que tem sido esquecido na Kepública.

Posto isto, eu devo declarar que houve nas declarações do Sr. Vaz Guedes, como presidente do inquérito ao Ministério dos ^Abastecimentos, um notável equívoco.

Segundo informações que tenho, o Sr. Vaz Guedes -fez referências a uma carta que uma firma da Figueira da Foz endereçou a um Deputado sobre ura fornecimento de milho.

Disse o Sr. Vaz Guedes que o processo relativo a essa carta, e que era de gravidade, tinha o competente parecer dado por mím.

Francamente não sei bem se foram estas precisamente as- suas palavras, porque não estava presente.

O Sr. Raul Portela: — Disse que lhe seria entregue o processo para ele formular o. seu parecer, e que tinha feito isto por nm dever de lialdade.

O Orador: — Sr. Presidente: relativamente ao assunto desta carta, o quanto á intervenção que tive no mesmo, deve declarar o seguinte como membro dessa comissão de inquérito a que tenho a honra de pertencer: