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Diário da Câmara dos Deputados

Projecto de lei

Do Sr. Alves dos Santos, alterando vários artigos do decreto n.° 5:029, de l de Dezembro de 1918, sobre cursos das escolas comerciais.

Para a comissão de instrução especial e técnica.

Do Sr. António Dias, criando uma as-semblea eleitoral primária na freguesia da Cumieira, concelho de Penela.

Para a comissão de administração pública.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: — Comunico à Câmara o falecimento do Sr. Rui Ribeiro, irmão do Sr. Helder Ribeiro.

Por esse motivo proponho que na acta da sessão de hoje fique consignado um voto de sentimento. '

O Sr. Lopes Cardoso:—Em nome do Partido de Reconstitulção Nacional associo-me ao voto de sentimento, proposto por V. Ex.a, pela morte desse grande republicano.

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República e por ela morreu, jíi digno por isso da manifestação da Câmara no sentido da proposta de V. Ex.a

O Sr. Malheiro Reimão: — Associo-me ao voto proposto por V. Ex.a e acompanho a manifestação da Câmara, não obstante Rui Ribeiro ter morrido em luta contra uma política que me não era adversa.

O Sr. João Gamoesas:—Associo.-me ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a, não apenas em satisfação duma praxe protocolar, porquanto o faço comovidamente visto tratar-se da 'morte duma pessoa a quem a República muito deve.

Rui Ribeiro morreu em circunstâncias tais que. o remorso há-de atormentar a consciência de muitos republicanos.

Morreu lutando contra a mais grave e violenta ditadura porque passou este país, incluindo a miguelista.

Como é' costume quando se trata duma revolução, ao fazer-se a chamada faltaram 75 por cento; mas Rui Ribeiro foi um dos que primeiro apareceram, e lutou ficando ferido gravemente.

Em todos os regulamentos a ordem de evacuação de feridos em combate faz-se pela ordem de gravidade. Pois no caso presente, Rui Ribeiro foi o último.

O médico de serviço no banco do hospital -increpou o médico que tal procedimento teve para com o ferido, e a resposta foi esta: j também você é democrático!

yois esta criatura continua dispondo de alta importância e de grande protecção, pois é professor dum liceu de Lisboa, em comissão, quando tal é proibido por lei, o é médico duma corporação de polícia Lisboa.

Durante dezasseis meses, Sr. Presidente, o alferes Rui Ribeiro suportou no hospital as consequências dum ferimento dos mais graves, abandonado de todas as pessoas que tinham responsabilidade pela atitude digna e correcta que ele tomou em defesa .da República.

Sr. Presidente, dir-se há que a República tem tido o condão de votar ao abandono os seus melhores servidores e de atender aos seus maiores inimigos.

Triste é dizé-lo,' Sr. Presidente, mas i/cnr siuG 11 nis, vcru-?nj.c.

O que se pode dizer é que a hora que passa é de absoluta transformação social, transformação essa que se está dando em todo o mundo; porém, o que se torna necessário, é que se preste a devida homenagem a todos aqueles que têm sacrificado a- soa vida pela República.

Por todas estas razões é que .eu, ao apontar o nome do alferes Rui Ribeiro, presto a minha homenagem a esse oficial de artilharia que soube sempre cumprir fielmente os seus deveres.

Por isso nesta, hora, invocando a memória desse republicano, a quem presto justiça, quero que a minha palavra aqui seja mais que uma palavra de comemoração, seja também uma palavra de protesto, em nome do povo republicano, pela cobardia que a P,epública manifestamente tem tido quási sempre quanto aos seus inimigos, não tendo na devida conta o sacrifício daqueles que por ela têm caído, sacrifício que pela culpa desses desvarios continuará a ser inútil para a República.