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Diário da Câmara dos Deputados

permita-me que lhe reconheça as melhores intenções quando ministro, a propósito dos Bairros Sociais, tem vontade própria, sem o que nem uma casa única se iniciaria.

Mas, Sr. Presidente se dentro dos Bairros Sociais houve um grande caos, havendo operários, uns contra outros, houve também uma grande burocracia à frente da qual estava o Sr. Marrecas Ferreira.

Em um dado momento fui aos Bairros Sociais e tive ocasião de preguntar a razão por que certo material não era levado para determinado sítio e apontei certa deficiência com relação a uns parafusos que deviam ligar os rails da Décauvile.

O engenheiro respondeu-me que já tinha oficiado para os serviços técnicos e esta corporação para outra.

O que se passou com respeito a parafusos, passava-se com relação a telhas e outro material.

Eu tive ocasião de ver que nos serviços dos Bairros Sociais havia um grande peso que tudo dificultava, o que era movido quando lhe apetecia pelo Sr. Marrecas Ferreira.

S. Ex.a era um bom burocrata, que ali se instalava só para receber os ordenados.

Eu vi a razão de ser das minhas palavras para com o Sr. José Domingues dos Santos quando lhe disse que me parecia errada a sua orientação, e antes eu tinha razão em querer as empreitadas, criando um conselho e deixando aos arquitectos a necessária fiscalização e aproveitando a razão de ser da comandita como empreiteira geral, aproveitando a sua enorme vontade de trabalhar.

Mas tal qual ficaram organizadas as comanditas, sem outro interesse que não fosse a mão de obra, a breve trecho, como o conselho de administração não acompanhasse o interesse das comanditas, começou á haver deficiências de material, faltando areia, não havia telha, cal, te-jolo, madeira, etc.

Eu entendi que o defeito estava na respectiva burocracia.

Eu tive depois uma conversa com o Sr. Ministro do Trabalho, e acordámos em dar às comanditas a sua primitiva independência, dando-lhes a empreitada de raiz; quere dizer, incluindo os materiais e permitindo-lhe o direito de despedir e

admitir o pessoal para apurar os operários que mais lhe conviessem.

Então num regulamento que se fez, criou-s'e o conselho dos operários, que era constituído por três comanditários dirigentes, três dirigidos e por um delegado do Govôrno, que presidiria.

Com esse conselho melhoraria a forma das obras, porque tomaria a seu cargo todos os trabalhos daqueles bairros e, por consequência, depois desse regulamento, acabavam as obras por administração e todas as obras eram dadas em absoluta empreitada.

Essa obra era dada em absoluto aos empreiteiros que eram, nem mais nem menos, os comanditários e os seus representantes eram-o conselho dos operários, o que produziu estranheza, porque tinha o nome de «conselho de operários».

Nesta terra tive ocasião de observar, quando Ministro, quo os nossos operários, infelizmente para eles, preocupam-se mais com palavras do que com princípios. E já hoje me não surpreende os operários, porquanto também tive ocasião de constatar que as classes intelectuais também se preocupam com palavras. E

assim o s engenheiros magoaram-se por que o Sr. Ramada Curto chamou «conselho de operários» a um «conselho de comanditários » ou «conselho de empreiteiros».

Os engenheiros sentiram-se vexados porque tinham de tratar com o «conselho de operários», mas esqueciam-se de raciocinar ao ponto de saberem que o «conselho de operários» não era mais do que o «conselho de empreiteiros».

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Admitir e despedir o pessoal e tratar de tudo que dissesse respeito a uma melhor economia nos trabalhos do bairro.

Fiscalizar as comanditas, manter a disciplina no bairro, podendo igualmente despedir quem provocasse a indisciplina, assim como fiscalizar a construção das obras o a qualidade dos materiais.

^ Em que se afrontou a engenharia, se os engenheiros é que fiscalizavam as condições do material e mantinham superiormente a disciplina?