O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 2 de Junho de 1920

dava a ganância dos fornecedores, e a prova está na diligência que eles empregaram para acabar com o bicho daninho a dentro dos bairros sociais, apelando para a Câmara Municipal de Lisboa, pedindo-lhe que lhe cedessem, com urgência, as pedreiras do Parque Eduardo VII, porventura a de tejolo e cal, para nos livrarmos da ganância dos fornecedores de obras públicas, que por acaso são sempre os mesmos.

Pedimos também uma parte do pinhal de Leiria, das matas do Estado, pelo preço por que foram arrematadas no último concurso porque, constituída uma comandita para a sua exploração e com servação própria, poderíamos fornecer as madeiras e o tejolo, cal, pedra e areia mais baratos, quási por metade dos preços, como já actualmente está sucedendo com a pedra do mesmo Parque.

Encontrámos da parte dos vereadores da Câmara Municipal de Lisboa a melhor boa vontade, devo mais uma vez afirmá-lo. Mas, da parte do Sr. Marrecas Ferreira, técnico da mesma Câmara, sucedeu-nos exactamente o contrário. É que era preciso explicar a razão porque o mesmo técnico, a propósito da pedreira do Parque Eduardo VII, tinha sido soterrada por incapaz de explorar, porque o Sr. Marrecas Ferreira— sempre o mesmo senhor — ó que, como técnico da Câmara, tinha tido o supremo cuidado de a entulhar para que ninguém pudesse ver a sua riqueza.

Quisemos adquirir uma fábrica de tejolo fora, mas encontrámos da parte .dos industriais a ganância mais vergonhosa que se pode imaginar.

i Pedirem-nos 700 contos por fábricas cuja produção não excedia 5 a 7 milheiros de tojolo, quantidade igual à que produzia a íábrica do Parque!

Encontrámos a fábrica Bessière a pedir 1:300 contos.

Nessa ocasião o Sr. engenheiro Pimen-tel escrevia a seguinte carta ao Ministro do Trabalho, a qual tem a data de 2 de Fevereiro:

«Comunico a V. Ex.a ter este conselho, de harmonia com o delegado do Gro-vSrno, resolvido adquirir a fábrica de cerâmica pertencente ao Sr. Silvan Bes-siòr©? por entender ser isso necessário ao

9

bom andamento dos trabalhos a seu cargo. Esta fábrica pode produzir actualmente 50:000 tejolos o 5:000 telhas por dia e, embora esta produção não seja suficiente, assegurará o bom andamento dos trabalhos de início da construção dos bairros até que a construção de dois outros fornos na referida fábrica garanta a produção necessária para se concluírem as obras com regularidade, etc.»

Informei-ine das quantidades de tejolo necessário às obras em cada dia e, verificando que a capacidade da fábrica do Parque Eduardo VII dava para as necessidades do bairro social do Arco do Cego, que apenas precisava de 5 milheiros por dia, segundo indicação dos arquitectos, e tendo trocado impressões a tal respeito com o Ministro, p semos de lado a idea da compra da fabrica Bessière por ser cara e desnecessária.

Sabendo que a fábrica de tejolo do Parque Eduardo VII produzia 507 milheiros de tejolos por dia, o que dava para as necessidades dos bairros sociais, novamente apelei para o conselho de administração, para que empregasse os seus esforços junto da Câmara Municipal no sentido desta mandar pôr em laboração tal fábrica.

Então o Sr. Marrecas Ferreira vem dizer novamente que a fábrica não tinha condições para trabalhar.

Instou com o conselho que ultimasse o contrato com a Câmara Municipal a propósito dos fornos da cal e da fábrica de tejolo. Mas o mais extraordinário ó que a Câmara Municipal, estranhando a demora, se mostrou mais interessada e mais amiga dos Bairros Sociais que o próprio conselho de administração, escrevendo-lhe de tíovo, cm 7 de Maio, instando com o conselho para ultimar o contrato.

Tudo, porem, foi baldado porquanto até hoje nada se fez.

Deve dizer-se que, anteriormente, a engenharia comprava cal a 20$ o metro, quando cá fora se vendia a 14$.