O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

14

Diário da Câmara doa Deputado»

Criaram-se os conselhos de operários que os próprios operários repudiaram, por nem sequer terem concorrido à eleição desses mesmos conselhos.

O conselho era constituído por três co-manditários, um delegado do conselho de administração e três operários.

Ape?ar dos operários não terem querido eleger três dos seus colegas, esse conselho constituíu-se para elevar os salários e para pagar sete dias em cada semana, visto que "o domingo era pago, isto contra a letra expressa da própria lei do Sr. Dias da Silva.'

O conselho tinha a estranha função do fiscalizar as comanditas, alôm das outras funções de que podia usar é de que usava.

Esse conselho tinha funções de tal maneira altas, que intervinha na requisição de material, no próprio conselho de administração e fazia ato propostas aos próprios engenheiros.

Só numa república idealista d&soviets é possível esta inversão de papéis.

Em face destas razões e doutras que mo abstenho de expor, para não fatigar a Câmara, eu deliberei fazer a reforma do regulamento dos Bairros Sociais, pondo à frente desses bairros quatro engenheiros em vez de sete membros sem função construtiva especial. Mas, se estas foram algumas das razões, que eu suponho de boa técnica, houve uma outra razão que me conduziu a proceder daquela forma — a razão económica, resultante da supressão de elementos que estavam no conselho de administração e que representavam uni encargo demasiadamente oneroso para o Estado.

Eu quero ler à Camará os algarismos que demonstram categoricamente os efeitos benéficos da minha reforma de organização.

Em resumo: gastavam-se nos cinco bairros, Arco do Cego, Alcântara, Ajuda, Torto e Covilhã, por niGs, 22.240$ em funcionalismo administrativo, e está-se a gastar actualmente, depois da minha reforma, 11.633)$ mensais1, ou seja simplesmente metade.

Foi em face destes motivos de ordem administrativa que eu me determinei, fi- ' nalmente, a fazer a minha reorganização.

Os serviços dos Bairros estão positivamente à matroca. Ainda não há plantas

nem orçamentos completos. Não estão pagas as expropriações dos terrenos dos Bairros do Arco do Cego, Ajuda, Covilhã e Porto, e tenho aqu-i na minha pasta algumas reclamações contra o facto de estarmos construindo em terreno alheio. Parte dessas reclamações são de indivíduos estranjeiros e recebi-as pelas vias competentes.

Já vêem V. Ex.fts que, apesar de eu ser muito jornalista, como me chamou .o Sr. Dias da Silva, tive de tomar uma atitude, que a Câmara sancionará ou não, conforme entender.

Tinha ainda de relatar h Câmara alguns factos estranhos, mas havendo uma comissão de inquérito parlamentar, não quero de maneira nenhuma intervir nas suas í unções.

Vozes:—Fale! Fale!

* O Orador: — Corroborando as palavras do Sr. engenheiro-director dos Bairros, eu posso ainda referir um caso que é sin-gularíssimo. As requisições eram feitas aos fornecedores em branco, o o empreiteiro inscrevia o preço que queria.

Um dia o Sr. major Pimentel, a cuja honestidade e zelo eu quero prestar homenagem, chamou a atenção do Conselho para esse íacto e o Conselho declarou desconhecer o caso.

E que eles afirmaram que várias pessoas ligadas às obras dos Bairros Sociais desejavam comissões, desde as mais humildes às mais categorizadas. ..

Aparte do Sr. Dias da Silva que não se ouviu.

O Orador:—Eu já disse a V-. Ex.a que existia uma comissão de inquérito encarregada de proceder a averiguações, em cujos trabalhos eu não posso nem quero intrometer-me. Todavia, uma vez que V. Ex.a me fez a chamada, eu não quero deixar de responder.