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O Sr. Ministro do Trabalho (Bartolo-meu Severino) interrompendo: — Os discípulos do Sr. Pimentel só daqui a dois anos é que saem da escola.

(Apartes).

O Orador:—V. Ex.a, pode fazer tal afirmação, mas o que não pode negar-me ó a afirmação pessoal do Sr. Pimentel, que a única falta que notava na organização das comandit-a,s era exactamente a falta dum construtor civil, e que pena era não as poderem modificar no sentido de permitir a admissão dalgum dos novos construtores saídos da nova escola preparatória; quere dizer, os seus alunos.

Sr. Presidente: eu não venho aqui senão deíender o conselho de administração que V. Ex.a demitiu, se bem que ainda as considere incapazes de ter prevaricado.

Referiu-se S. Ex.a a requisições de material, mas o que é certo é que essas requisições são assina.das pelo major Sr. Pimentel.

Também devo dizer que S". Ex.a tinha arrancado um voto de confiança para ir trata,r das aquisições, e todavia para esse trabalho eu acho S. Ex.a incompetente.

Não quero adiantar mais nada.

Digo a V, Ex.a que o Sr. Pimentel tinha a confiança do Conselho de Administração e como tal procedia livremente abusando até do voto de confiança do próprio Conselho.

Mas mais: S. Ex.a tinha lançado um projecto de regulamento apresentado-o ao Sr. Pomingues dos Santos, que criatura muito perspicaz como é, teve o cuidado de o pôr de lado, em que ele ficava qtiási como administrador único dos Bairros Sociais.

S. Ex.a não foi nessa cousa.

Compreendeu o Sr. JosóDomingues dos Santos e bem que o facto de ter a confiança de S. Ex.a chegava para administrar os bairros.

Que diferença entre V. Ex.a, Sr. Ministro e o seu antecessor.

V. Ex.a nada é capaz de opor ao Sr. Pimentel, porque S. Ex.a apesar de estar aí na melhor das intenções, não tem vontade própria.

O ministro é o Sr. Pimentel.

V. Ex.a pretendeu no seu discurso insinuar, mas não foi com intenção despri-morosa, mas para ver se eu corava, o

Diário da Gamara, dos Deputados

que não aconteceu porque eu não coro, sou muito forte para corar; V. Ex.A não foi capaz de provar o que disse ou talvez me julgasse o Sr. Pimentel, mas eu sou incapaz de fazer o que esse senhor" fez no Conselho de Administração.

O Sr. Kemp Serrão tendo sido acusado pelo Sr. Pimentel a propósito de qualquer assunto,. e tendo o Sr. Kemp Serrão increpado o Sr. major Pimentel, este desatou a chorar e soluçar, dizendo que não era homem para aquelas cousas, e retiro u-se da sala.

O Conselho, porém, comovido, viu-se forçado a pedir-lhe que esquecesse tudo e que "assistis s e à sessão. S. Ex.'"* cedeu, e arrastando-se até à sala, pediu desculpa das suas palavras se acaso feriram susceptibilidades injustamente.

Mas no dia imediato teve o cuidado supremo de mandar uma carta dizendo que o que tinha dito primeiramente é que estava certo.

Não tenho medo, e nunca repudio o qne tenho feito.

Mas o carácter desta criatura tem bojo para muito mais, e assim, para anichar uns rapazitos nas comanditas dos Bairros, leva a° sua falta de escrúpulos a insultar a dignidade profissional dos co-manditários para os poder demitir.

Mas, .Sr. Presidente, podo V. Ex.a crer que há, entre esses carpinteiros e pedreiros, o que de melhor existe em Lisboa. Por isso mesmo ó triste, e muito triste, que o Sr. Pimentel leve o Ministro a insultar no Parlamento a honra e a dignidade profissional de muitos desses trabalhadores.

O Sr. Ministro do Trabalho (em aparte) : — Não quis referir-me aos comandi-tários.

O Orador: — Sr. Presidente: está provado que o Sr. Ministro do Trabalho não manteve a afirmação de que os comandi-tários não eram profissionais.

S. Ex.a fará justiça; tenho-o por isso na conta dum homem de bem, razão por que não posso admitir que seja influenciado por homens sem carácter nem brio.