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Sessão de 2 de Junho de 1920

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cria os Bairros Sociais, lá se dizia que era publicado para aproveitamento de todo o pessoal desempregado e melhor aproveitamento do pessoal das obras pú: blicas em geral, que não faz nada, porque está mal dividido e mal orientado.

Dei guias exactamente a Ôsses para acabar com a chuchadeira de se arrumarem nas obras públicas indivíduos, como bro-chantes e de outras profissões, que não eram mais do que cavadores e a quem os políticos arrumavam a pedido de patrícios e influências políticas.

Deu também S. Ex.a a entender que as comanditas não eram compostas de autênticos profissionais. Eu devo dizer a V. Ex.a que tive um trabalhão enorme para conseguir arranjar 1(3 comanditas, mas arranjei-as compostas de autênticos profissionais. Saí, porém, do Ministério sem poder publicar os seus nomes no Diário do Governo.

Sucedeu-me, interinamente, um homem, cuja sinceridade, cuja honestidade e amor à República ninguém pode pôr em dúvida, mas pecando do mesmo mal de V. Ex.a Muito bom rapaz, uma boa alma, muito liberal, apesar de pretender ser conservador, mas desconhecendo de visu os trabalhos de construção civil. Foi, todavia, S. Ex.a que fez nomear as 53 comanditas para o Bairro Social do Arco .do Cego, das quais, creio, que errou apenas em três nomes nomeando para lá um carvoeiro, um merceeiro e um outro indivíduo duma outra profissão, que não me lembra. Entretanto, eu não censuro S. .Ex.a por isso nem estranho que tal sucedesse, porque 6 fácil iludir a boa fé dum ministro. E exactamente, por isso, e porque os dirigentes das comanditas exigiam que se pusessem na rua os indivíduos que não eram profissionais, é que o Sr. Êarnada Curto publicou uni decreto nesso sentido.

E para que ninguém tivesse de sofrer a pressão de podidos, sobretudo políticos, nem o conselho de administração tivesse de se incomodar com isso, é que se dou aos profissionais, que tam bem só têm comportado dentro dos Sairros Sociais, ossa regalia de nomearem e escolherem

eles próprios os seus operários e separarem-se dos elementos não profissionais, que por engano estivessem nas comanditas.

Sr. Presidente: vamos agora ao Sr. Inácio Pimentel, que S. Ex.a, o Sr. Ministro pretende cobrir com o seu nome, mas que não me passará desapercebido. Prometo não o largar de mão.

Eu vou dizer a V. Ex.acomo os coman-ditários, tendo sido recomendados na minha presença pelo Sr. Pimentel, são agora postos em cheque.

O Sr. Pimentel que jamais se furtou a elogiar os comanditários dirigentes, aproveitou uma insubordinação do pesso.al do bairro com a qual os dirigentes nada tinham, é dissolver as comanditas.

Por incompetentes? Não, visto S.Ex.% sua tantas vezes os ter elogiado.

Mas porque sendo o Sr. Pimentel pro-iossor da escola industrial e dando prontos no fim deste mês uns rapazinhos com o curso de construtores civis, os pretende arrumar nos bairros, para os tirociuar à custa.

Em outros tempos os construtores ci-AHS tinham que ser profissionais .para tirar uma carta.

Em 300 construtores civis que existiram só uns 40 não serão hoje-profissionais.

Hoje o que se quere fazer, com o sistema que se segue, é dar uma carta de construtor civil a rapazes sem profissão e proporcionar-lhes a prática à custa do Estado.

Isto é vergonhoso.

O Sr. Ministro do Trabalho, como jornalista que ó, disse .cousas bonitas> e assim disse cousas que esses homens que são atacados, os comanditários, têm construído os mais' belos sonhos mas nunca obras em Lisboa.

Eu posso dizer a S. Ex.a que nos Bairros Sociais estão os melhores carpinteiros o pedreiros.

O Sr. Ministro do Trabalho (Bartolomeu Severino)/fe»2 aparte}: — Quis somente referir-mo ao Conselho' de Administração.