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tanta maior dor quanto é corto que eu era um dos velhos amigos do Sr. António Maria Baptista e com ele compartilhei das horas mais amargas e também das horas mais festivas da República. Se algumas desinteligências com S. Ex.a tive ultimamente foi pela circunstância de nos encontrarmos politicamente em campos adversos. No emtanto, reconheci sempre nele um sentimento profundamente republicano, actuando com energia nas horas difíceis para a República para que cessassem as crises dolorosas da Pátria e continuasse o seu caminho ovante e glorioso de sempre.

E hoje, nesta hora magoada e trágica, em que nós todos sentimos a perda de mais um dos velhos lutadores da República, que vimos desaparecer para sempre nos mistérios insondáveis da morte, mais uma energia, que notamos a falta do mais um companheiro de luta, reconhecemos também, 'na sinceridade com que as manifestações de dor e de luto se tom produzido, que a República, além de profundamente radicada no sentimento português", tem também um justo culto pelo homem que a soubera dignificar, e liuurosainente a soubera defender.

O Sr. António Maria Baptista, que desempenhou na sociedade portuguesa, e dentro dia República, um dos mais eminentes papéis, porque assumiu o Governo em circunstâncias excepcionalmente difíceis, não pode ser um nome esquecido pelos republicanos, pelos portugueses, pelos patriotas, por ter actuado com a sua inabalável energia a fim de deter a desordem e a anarquia, que fatalmente seria para nós a ruína, não só da República, mas porventura da nossa Pátria.

Sr. Presidente: eu poderia, seguindo a vida do ilustre coronel António Maria Baptista, traçar uma larga biografia, por que, felizmente, eu tive com ele um largo contacto, e felizmente o digo, porque alguma cousa da sua energia, da sua fé e do seu profundo amor à República ele me comunicou, nas horas em que esse contacto, para sempre e inabalávelmente, estabelece nos nossos corações laços profundos que jamais se apagam. Mas o que eu apenas quero • significar, neste momento doloroso, é que desaparecem todas aquelas pequenas desinteligências que, porventura, eu tivesse com S. Ex.?, para

• . Diário da Câmara do i Deputada 9

unicamente me lembrar que elo era um grande cidadão da República e que a República serenamente guardará para sempre na sua memória como um dos cidadãos mais prestantes que ela conheceu na sua agitada vida.

Eu reconheço nesta hora de mágoa e ao vermos que um dos nossos caiu no momento em que ainda desempenhava com honra, com dignidade e energia a sua- função, eu reconheço que, apesar disso, nós ainda sentimos que a República não morreu e que a morte e as vítimas que constantemente a seus pés se reúnem e amontoam parecem dar-lhe cada vez mais vigor, torná-la cada vez mais forte, para arcar serena e tranquila' com os perigos que, porventura, a esperam e indicar-nos que nós devemos estar sempre unidos nas horas de aflição a fim de a defendermos com a mesma decidida boa vontade e a mesma fé nos destinos de Portugal, como em todos os momentos o coronel António Maria Baptista sentia a necessidade de o fazer.

Sri Presidente: quando eu. falando a propósito deste acontecimento, lembro as virtudes cívicas e militares de António Maria Baptista, não esqueço que ele por si jamais o faria, porque nunca o fez, visto que, reunindo todas as boas qualidades dum soldado e dum herói, ele reunia também as qualidades dum honesto cidadão cque recolhidamente cumpre o seu dever sem espectáculos, de que muitos se cercam para que os seus actos tenham a retumbância que possa figurar nas páginas da história como de grandes personalidades.