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grimas, Sr. Presidente, são o melhor testemunho da intensidade do sofrimento humano, as que nos marejam os olhos, dizem da acuidade da nossa dor.

O Ex.mo Coronel António Maria Baptista morreu no seu posto, e a sua figura moral ergue-se hoje a uma incomensurável altura, e perante ela não há paixões políticas, não há ódios pessoais.

Deu à Pátria, deu à República tudo o que um carácter brioso, liai, honrado e digno podia dar-lhe. Soldado, malbaratou a sua saúde nas campanhas de África, defendendo o património nacional com a valentia, com o esforço, cota a lialdade próprios dos bons e dos fortes.

Soldado, assinalou o seu nome nos campos da batalha, em França, colhendo novos louros para a glorificação da nossa Pátria. Eepublicano, pugnou sempre pela realização do advento da Eepública.

Com um desinteresse e uma generosidade raros, numa hora difícil da vida da Eepública, para cuja salvação eram necessários sacrifícios pecuniários, ele não teve dúvida em hipotecar o pequenino património dos seus filhos, que nunca mais conseguiu redimir.

Pela Pátria e pela República, derramou o seu sangue.

Mas este homem de tam raras e superiores qualidades e que à Pátria e à Eepública dera tudo o que humanamente era possível dar, foi-lhe exigido mais um sacrifício. Foi-lhe imposta a difícil missão de constituir Grovêrno, nas circunstâncias de todos bem conhecidas. Pois esse grande patriota, cujos olhos dia a dia, a passos rápidos, mergulhavam na escuridão da cegueira, cujo coração, gasto de tantas e tam vivas emoções, estava hipertrofiado, cujos pulmões estavam envenenados pelos gases asfixiantes respirados nas trincheiras, 6sse homem que sabia que a sua vida era preciosa para os seus entes mais queridos, êsso homem que sabia que essa vida era a única garantia do bem-estar e do futuro da sua doce companheira e dos filhos que idolatrava, esse homem, erguendo-se à grandeza do mais alto sacrifício patriótico, aceitou o encargo.

Dizer, Sr. Presidente, o que foram estes três meses de Grovêrno, e dizer muito principalmente o que foram os primeiros quinze dias dCste Governo, gasto em trabalhos exaustivos, de sobresaltos .cons-

Diàrio da Câmara dos Deputados

tantes, seria dizer, Sr. Presidente, que foi preciso um grande espírito de sacrifício e uma alta compreensão, deveras patriótica, para vencer. E nessas horas de desalento, era sempre o nosso saudoso Presidente que, com a sua ardente fé patriótica, nos sugestionava, que com o seu exemplo nos animava.

Derrubou-o a morte, vive hoje para a Historia. Foi bom, foi justo, foi patriota, foivum grande português.

A Pátria e à Eepública deu o seu esforço, deu o seu sangue, deu finalmente a própria vida.

Que a Pátria e a Eepública, procurem saldar parte da larga dívida contraída para com o grande e honrado português e republicano, restituindo à sua desolada viúva e aos seus filhos orfanados um quinhão de bem-estar material de que o ilustre morto os privou em favor da Pátria e da Eepública.

Sr. Presidente: que a memória do grande e ilustre morto nos sirva de incentivo e exemplo a todos nós porque, sem dúvida, emquanto a Pátria e a Eepública contarem com dedicações iguais, a Pátria e a Eepública hão de continuar na marcha as-

censionai, sempre nonrada e gionoisâ.

O Sr. António Maria da Silva: — Sr. Presidente: acabou V. Ex.a de notificar à Câmara a morte do Senador o Presidente do Ministério, António Maria Baptista. Tem V. Ex.a palavras sinceras e sentidas pelo falecimento dum ilustre e dedicado cidadão, dum dos mais esforçados combatentes na defesa da sua Pátria e da Eepública. V. Ex.a que foi companheiro dele, como eu também o fui, sabe perfeitamente qual é a comoção de que estou possuído na comemoração que presentemente ó feita.

António Maria Baptista foi nosso companheiro na implíintação da Eepública, foi nosso companheiro na sua defesa a quando do desrespeito à Constituição Política que nos rege.