O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 9 de Junho de 1920

O Orador:—:

Mil escudos!

O Sr. Brito Camacho:—^E V. Ex.a sabe quantos livros têm desaparecido das bibliotecas ?

Muitas centenas.

Eu estou até convencido de que os bichos chamados «bibliógrafos», são bem mais inocentes do que certos «bichos» que lá entram. (Risos).

O Orador: — Já há pouco eu tive ocasião de dizer que na Biblioteca de Lisboa existiam 45 empregados com os quais o Estado gastava perto de 60 contos.

Pois estou convencido de que, em grande parte, a causa do estado em que se encontram os livros dessa biblioteca, só se pode atribuir à incúria dalguns desses empregados.

Se porventura os 45 empregados da Biblioteca de Lisboa, e 'eu não quero fazer agravo aos directores da Biblioteca, porque lhes faço a justiça de supor que têm solicitado sempre as providências necessárias, aos Grovernos, para remediarem os males da Biblioteca, mas se porventura os 45 empregados que st Biblioteca tem cuidassem dos livros como devia ser, olhando por eles com amor e carinho, estou certo de que a maior parte das devastações nos livros não se teriam dado. (Apoiados).

Eu não posso admitir que exemplares únicos sejam atacados pelo insecto biblió-fago. ,

Exactamente porque o-livro é único,'deve andar sempre bem vigiado e cuidado.

Um exemplar único tem um valor tam grande que não deve ser fechado numa estante, sem ser examinado durante meses e anos, como sei que tem sucedido com alguns.

Na Biblioteca de Coimbra existe também um espaço reservado para livros raros, mas esse espaço é convenientemente arejado todos os dias, e os livros são devidamente fiscalizados, todos os dias são examinados, e se infelizmente algum insecto os atingir, isso será só por milagre.

Eu posso citar os exemplares que existem na Biblioteca da Universidade, e que não podendo sor vistos durante algum tempo, ura. mês polo menos, quando foi

43

da mudança das instituições, em que aqueles serviços públicos se ressentiram, como quási todos os serviços do Estado, com a mudança de pessoal, havendo uma certa incúria e desleixo, e isso fez-se sentir imediatamente sobre os livros, eu posso citar a V. Ex.as os livros que existem lá um pouco deteriorados. _

Há por exemplo as Constituições, de D. Jorge Almeida, que é um exemplar único e que foi atacado pela humanidade.

Há também mais os seguintes livros.

Leu.

Estes livros foram atingidos pela humidade, no tempo em que afrouxou a vigilância sobre eles.

De resto nenhuma destas obras eu posso admitir que fossem atacadas pelos insectos.

E se algumas existem atacadas na Biblioteca de Lisboa, é porque não têm sido devidamente vigiadas. (Apoiados}.

E portanto necessário que os directores das Bibliotecas, e eu creio que eles não devem ter nenhum peso na consciência a ôsse respeito, mas os factos são factos, é por isso necessário que os directores recomendem aos seus subordinados a "mais estreita e absoluta vigilância não só sobre os exemplares raros, mas sobre todos os outros,

E" sei que alguns livros estão em casas escuras, e a escuridão é propícia ao desenvolvimento das larvas ; eu sei também que a Biblioteca de Lisboa era um antigo convento e assim tem casas aca-nha.das e anti-higiénicas ; mas se se verificou isso desde há muito, desde há muito também que as espécies raras deviam ser removidas dali para lugar conveniente.

Sr. Presidente: termino as minhas considerações, dizendo mais uma vez que dou o meu voto à proposta, mas não concordo com as funtes de receita que se procuraram para fazer face às despesas que ela acarreta, e desse modo desejaria antes que nós fôssemos, sim agravar a tributação àqueles objectos que, em vez de corresponderem às necessidades da vida, constituem pelo contrário vícios dela.

Vamos tributar o álcool, vamos tributar o tabaco, vamos tributar o jogo, (Apoiados],

Tenho dito.