O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

36

criada por iniciativa de homens de comércio, bons burgueses, mais atreitos a lidarem com assuntos práticos do que propriamente com ascoriosidadesdo espírito, teve sempre da parte deles a mais carinhosa atenção e o mais louvável cuidado, a tal ponto que conseguiram que a sua Biblioteca viesse a ser considerada como um dos preciosos monumentos da cidade.

Nunca eles se esqueceram de que à frente dessa Biblioteca durante bastante tempo esteve Alexandre Herculano, que ali colheu muitos dos seus mais preciosos elementos para os seus notabilíssimos trabalhos históricos.

A sala de leitura é magnífica, e verdadeiramente digna de ser comparada à de Mafra e à da Academia das Seiências, obra do Duque de Lafões. E o pessoal da Biblioteca durante largos anos tem-se-Ihe devotado com um verdadeiro carinho, mau grado os seus modestos honorários, empregando um incessante e louvável cuidado na conservação das estantes e na guarda vigilante' dos livros e preciosidades que lá se encontram.

Foram alguns desses modestos empregados que com atilado critério e benedi-

i* • *. rt* f •**** M jt J J.

una j^acicnv^iíi ^Giaiu íiiravcs uos Léiupus organizando os catálogos da Biblioteca, os quais constam actualmente de cerca de 30 volumes impressos, contribuindo esta obra porque é uma verdadeira, útil e preciosa obra, para a relativa facilidade e louvável prontidão com que ao leitor se fornece o volume que ele .deseje consultar.

Passou há alguns anos a Biblioteca Municipal do Porto por uma radical transformação, inspirada num critério eminentemente moderno, que à iniciativa do seu ante-penultimo director, o malogrado Rocha Peixoto, meu saudoso condiscípulo e amigoj que foi uma das mais altas intelec-tualidades da minha geração e autor de valiosas e eruditas publicações em que o mérito de literato disputa primasia ao homem de sciência, sendo a ána obra continuada com idêntica orientação por esse grande espírito que foi José Pereira Sampaio, mais conhecido no mundo das letras .pelo glorioso pseudónimo «Bruno», o qual me ufano de ter tido por companheiro na redacção política e literária da República Portuguesa.

A obra bibliotecária de Sampaio caracterizou-se sobretudo pela reprodução .de

Diário da Câmara dos Deputaos

algumas das nossas principais preciosidades bibliográficas, entre as quais destacarei a Fastiginia umas das mais curiosas e esquecidas obras inéditas do nosso seis-centismo, livro altamente precioso para o estudo da época de Filipe II.

Eeitas estas considerações para mim tam^gratas, pois que sou filho do Porto, embora não tenha a honra de ser Depu-trdo pela minha terra natal, passo a dizer revertendo ao projecto que se discute, que não me repugna, muito embora considere isso por agora como uma verdadeira utopia, a construção dum novo edifício para nele se instalar devidamente a Biblioteca Nacional de Lisboa, com todas as condições duma biblioteca moderna.

E se considero isso uma utopia, é porque essa obra teria de ser feita pelo Estado, o qual tem à sua disposição uma legião de operários que, se têm trabalho, buscam exclusivamente não trabalhor, o que é a afirmação de que só muito tarde ou nunca é que se conseguiria ver concluído um edifício. ;Com grande mágua o digo, Sr. Presidente. Ainda assim, e porque deste modo penso, não terei dúvida em delarar, Sr. Presidente, que me disponho a votar todas as verbas que sejam necessárias para a conservação da Biblioteca, isto é, para que se possa apagar o verdadeiro incêndio que ali tem lavrado e qne tende a destruí-la por completo; mas necessário ó que todos também se con: vençam, e só o podem conscientemente fazer, visitando essa curiosa e elucidativa exposição agora patente na Biblioteca, de que essas maravilhosas obras que ali existem têm sido prejudicadas e construídas não só pela humidade, pelos insectos, graças às péssimas condições em que se en. contra o edifício, como ainda pela considerável incúria de alguns dos empregados.

É necessário, repito, salvar tanto quanto possível essas maravilhosas obras que ali existem; mas, Sr. Presidente, necessário é também que o Sr. Ministro da Instrução ordene uma sindicância para ver a quem principalmente cabem as responsa-bilidades nessa vergonhosa destruição da Biblioteca Nacional de Lisboa e que, em virtude dela chame à responsabilidade efectiva os funcionários que desse modo deixaram chegar, com a sua incúria, essa Biblioteca ao estado em que ela se encontra.