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Sessão de li de Junho de 1920

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Uma vez o Sr. Pais Rovisco fora da comissão, começou então a fazer-se a caça ao homem com todo o seu sinistro cortejo de perseguições, e a comissão, que-durante três ou quatro meses não dou acordo de si, aparece uni dia nesta Câmara e começa a fazer acusações vagas, indicando aos amigos que encontrava pelos corredores nomes de supostos incriminados.

Mas deixemos este caso e vamos ao assunto.

Afirmei há pouco que a comissão se tem farto de cometer ilegalidades. Vamos à primeira, que representa —não há forma de o contestar— ou um roubo à moagem ou um desfalque para o Estado. Ou a moagem dava os juros que .não tinha satisfeito ou a moagem não devia 5 réis e o Estado não tinha o direito de fazer quaisquer exigências.

£ Então o que fez a comissão de inquérito ?

Chegou a um acordo com a moagem sobre a forma de serem pagos esses juros.

Mas daqui não há que fugir: ou a comissão roubou a moagem ou roubou o Estado. (Apoiados).

Mas há mais.

Como director dum jornal chegou-me às mãos uma das numerosas notas da comissão, assinada pelo Sr. Tavares Ferreira.

Eu pregunto que diferença existe entre depósito e armazenagem?

Eu desejo saber porque para umas fábricas se diz ali que a farinha ficou depositada e para outras que a farinha ficou armazenada.

Mas reparem que esta diferença não é mais do que um favoritismo, porque cada tratamento é caracterizado por seu procedimento especial.

Se amanhã um gatuno me roubar a carteira o for proso, sendo-me restituído o roubo, o facto de eu relia ver o que mo pertencia não destrói a acção criminosa do gatuno nem o inibe de prestar contas nos tribunais.

Repare a Oâniciva nus altas capacidades jurídicas que se anicham na comissão de inquérito e que qupreui fazer ver ao país, publicando notas oficiosas, que representam a mentalidade desta casa do Parlamento.

Preciso fazer aqui a declaração do quo, por casualidade, fui companheiro de es-

cola do Sr. capitão Abreu Reis. Não me move contra este indivíduo nenhuma espécie de má vontade, mas nós aqui não nos encontramos diante de homens, mas de factos.

Trata-se dum homem que sendo gerente duma fábrica e sendo-lhe confiado um depósito abusou deste, restituindo uma parte do mesmo depósito depois de coagido a isso.

Há, ainda1, outras farinhas depositadas na Nova Companhia Nacional de Moagem, que da mesma forma abusou da confiança do estado, creditando Gsto apenas duma corta quantidade e por conta dum futuro rateio. Dizem-mo as informações particulares que tenho sobre o assunto quo esta farinha foi vendida a menos do $30.

O abuso do confiança subsiste da mesma forma.

O Sr. Tavares Ferreira:—V. Ex.a está muito mal informado. Daqui a pouco usarei da palavra o V. Ex.a há-de couven-cer-so do seu 6rro de informação.

O Orador: — Por mais que V. Ex.a diga não consegue destruir os factos que ocorreram. A verdade é que houve um abuso de confiança.

Mas há no procedimento da comissão de inquérito uma cousa que muito me surpreende. £ Qual a razão da pressa que S. Ex.as têm de, logo ao anunciar-se que os Deputados populares vão entrar na Câmara, publicarem uma nota oficiosa dizendo que há grossos escândalos?