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Diário da Câmara dos Deputados

O Século de ontem dá uma notícia pela qual se vê que para os tribunais não foram um certo número de moageiros pelo facto do Estado ter depositado nos seus depósitos certa quantidade de farinha que a moagem não quis receber ao preço marcado, e a comissão mandou pôr em liberdade outros moageiros nas mesmas condições, alegando que os primeiros tinham dado .ao Estado a quantia por que ele tinha marcado o preço da farinha, e os outros não.

Bastava isto para ver o que a comissão foz, porque os moageiros cometeram um crime de abuso, que a lei condena, e entregaram o que deviam ao Estado; deixam de ser criminosos ! °

Não; são criminosos como os outros. Só o tribunal, a Boa-Hora, podo pôr em liberdade certos indivíduos, a comissão não. (Apoiados).

Vozes : — Muito bem.

O Orador: —Esses casos desejarei eu tratar quando a comissão trouxer o relatório definitivo. •

Depois do meu partido ter abandonado

esta Câmara, tive conhecimento, r/cla ini-* "j.

prensa, dum Deputado pertencente à comissão parlamentar de .inquérito ter dito, na nossa ausência portanto, que um Deputado que já não pertence à comissão, durante o tempo eni que lá esteve, não fez mais que perseguir o director geral.

Ora o Sr. Dr. João Pinheiro afirma serem falsos o primeiro e o segundo relatórios.

Durante o tempo em que lá estive organizou-se um processo, o único que foi pára a Boa-Hora.

Os juizes não puderam considerá-lo nulo por estar/eito legalmente e nele se encontrar provas oficiais.

Tudo quanto se relaciona com esse processo está devidamente assinado, não só pelo presidente da comissão, mas ainda pelo Deputado que me procurou visar.

Vêm-se por esta forma as falsidades desse Deputado e de quanto ó capaz quem pouco pode. Se eu fiz perseguições foi com o seu apoio e com a sua assinatura, e delas não estou arrependido, devo dizê--lo, porque a justiça as sancionou.

E preciso descer-se muito quando, para ferir outrem, se não hesita em difamar, em

abocanhar a honra e a dignidade alheias. (Apoiados).

Não será talvez esta a ocasião nem o

'lugar mais propícios para liquidar este

incidente, e se o faço é apenas para que

uma acusação caluniosa não fique pôr

mais tempo de pó.

Refiro-me ao Deputado da minoria socialista o Sr. António Francisco Pereira.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Liai:—As palavras que o Sr. João Pinheiro acaba de pronunciar, palavras "dum homem honrado, comove-' ram-iho profundamente e fizeram-mo atingir talvez a razão do procedimento da comissão parlamentar de inquérito ao Ministério dos Abastecimentos.

Embora não seja esto o momento de julgar completamente os trabalhos dessa comissão, não posso, todavia, deixar de fazer sentir algumas anomalias do seu procedimento c salientar alguns favoritis-mos que muito podem e hão de contribuir para o final e severo julgamento da sua atitude.

Por isso eu vou apontar à Câmara algumas dessas anomalias, alguns desses actos de favoritismo, o que vou fazer à face das notas oficiosas que têm vindo publicadas na imprensa.

Por elas os ilustres membros desta casa do Parlamento verão o suficiente para levantar todas as suspeitas e chegar ao convencimento de que em muitos dos actos dessa comissão houve apenas o propósito de prejudicar determinadas instituições e do lazer uma verdadeira caça ao homem. (Apoiados).

O caso inicial, base e origem de toda esta ignóbil manobra, foi o da expulsão, que outro nome não tem, do Sr. Pais Ro-visco da referida comissão.

S. Ex.a foi colocado em condições tais que, honradamente, tinha de sair, abandonando os trabalhos da comissão.