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buída à viúva de Carvalho Araújo. Concordo com o aditamento do S. Ex.a, como não podia";,deixar de concordar; lembrava-me apenas que S. Ex.a podia incluir na sua propôsfa também os guarda-rna-rinhas e aspirantes falecidos. Não podia deixar de concordar com essa homenagem a prestar a esses heróis obscuros que ajudaram a escrever a página mais bela da marinha nos últimos tempos. Outro motivo que me levou a pedir a palavra foram as considerações que realmente me chocaram, porque não as considero propositadas, do Sr. Deputado e, aliás, meu querido amigo, Sr. João Camoesas.

O Sr. Ministro das Finanças tinha já declarado que dava o seu voto ao meu projecto, mas o Sr. João Camoesas, talvez supondo que não bastava a declaração do Sr. Ministro das Finanças, ou que o Governo não se teria pronunciado claramente, revelou à Câmara que já há dias procurara dois membros do Governo para lhes fazer sentir a necessidade de apresentarem ao Parlamento uma proposta de lei, a fim de ser aumentada a pensão à viúva de Carvalho Araújo, c que o Governo se prontificara a fazê-lo.

S. Ex.a, que não é ainda Ministro, que não faz parte deste Governo, segundo me parece, quis completar assim as palavras do Sr. Ministro das Finanças.

O Sr. João Gamoesas:—Tinha-me comprometido com uma pessoa de família de Carvalho Araújo a tratar desse assunto; tinha de dizer algumas palavras para que essa pessoa não julgasse que dele me tinha desinteressado.

O Orador: — Completando as palavras do Sr. Ministro das Finanças, S. Ex.a comunicou à Câmara que o Governo tinha tenção de apresentar uma proposta de lei nesse sentido, o quo, aliás, só ó muito para louvar; simplesmente, o Sr. João Camoesas entendia quo essa proposta do lei daria a esta homenagem, uma significação que ela não podia ter, sendo por via do meu projecto.

Ora estas palavras extranhas do Sr. João Camoesas, que não sei a que intenção deva atribuir, chocaram-me profundamente, porquanto, não só tenho jurídica e moralmente o direito de apresentar todas os projectos de lei que entender,

Diário da Câmara dos Debutados

mas ainda porque, desde que enviei para a Mesa esse projecto de lei, deixou de ser meu para ser do Congresso da República, para ser de todos os republicanos, para ser de todo o país.

Disse S. Ex.a que há dois ou três dias tinha a bailar-lhe no cérebro esta homenagem a prestar a Carvalho Araújo.

Acredito, porque sei a admiração que S. Ex.a tinha por Carvalho Araújo, sei bem que a sua memória lhe é sagrada; simplesmente, eu não posso ser culpado de S. Ex.a se ter demorado e eu ter-me antecipado.

Acho que S. Ex.;l trazendo paia aqui esta discussão, veio dalguma forma diminuir uma homenagem em quo não devia haver uma nota discordante, veio dimi nuir unia homenagem que devia conservar-se toda ela num grande pé de elevação.

Disse S. Ex.a que a proposta de lei trazida pelo Governo teria uma significação maior, que não tinha o meu projecto de lei.

Q Sr. João Camoesas: — O que eu disse foi que entendia que teria mais alta significação nma proposta de lei apresentada pelo Governo, do que um projecto de lei apresentado por mim.

Vozes:—Não apoiado.

O Orador:—Desejaria, pois, que esta homenagem prestada a Carvalho Araújo, fosse feita com elevação, do princípio ao fim; vou terminar as minhas considerações, repetindo a V.' Ex.a e à Câmara, que esse projecto não é meu, é de todos nós, é da alma republicana, é da Nação.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Finanças (Pina Lopes):— Sr. Presidente: pedi a palavra para declarar que dou o meu voto ao projecto que está em discussão, porque o acho muito justo.

O capitão-tenente Carvalho Araújo, uma alta individualidade que ao seu País prestou os niais relevantes serviços, morreu numa ocasião iruito difícil, morreu no seu posto, procurando dignificar o seu País.