O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 11 de Junho de

aflitivas condições de vida em que se encontra a família do heróico marinheiro. Assim, pois, concluo, Sr. Presidente, rciteirando em meu nome pessoal e no dos Deputados independentes, um voto de concordância e aprovação do projecto que se discute.

O Sr. Jaime de Sousa: — Pormita-me V. Ex.a que acrescente mais algumas palavras àquelas que proferi sobre o projecto.

Falo em meu nome e como oficial de marinha.

Tive a honra insigne de comandar Carvalho Araújo em operações de guerra. Foi um dos meus oficiais, e nunca vi he roicidade assim.

Era um valente. Era a valentia consciente, a coragem fria, uurna corrida para a morte voluntária, conhecendo absolutamente aquilo que se faz. Por vezes ele infringia, ^porventura, aqueles preceitos elementares que tinham sido assentados nos processos de fazer a guerra. Muitas vezes tive ocasião de observar-lhe que se não expusesse tanto. Cometia as maiores temeridades. Estivemos a destruir minas alemãs na nossa costa, e todos os dias Carvalho Araújo afirmava urna valentia, uma forma heróica de proceder, que eu nunca vi nas operações de guerra. Estou crente que não pode ser excedido.

Podia citar dezenas e dezenas de momentos heróicos dôsse homem, -mas não o furei em face 'da unanimidade da manifestação da Câmara nesta última justa homenagem.

H4, ainda um facto, todavia, que eu do-verei salientar, e esse ó o de que Carvalho Araújo foi mandado comandar um navio de recursos absolutamente insuficientes parada missão militar que lhe incumbiram. E certo que o material naval com que a nossa marinha de guerra se tem batido atravós a história tem sido sempre manifestamente insuficiente, mas, neste caso, Carvalho Araújo partiu cora um navio armado com poças que — sabia-o ôle, sabiam-no os directores gerais da armada, subia-o o próprio Ministro — seriam inteiramente ineficazes para combater um inimigo dispondo de poças de 15 centímetros, o, 110 emtanto. Carvalho Araújo, sabendo que corria para a morto, sabendo que o seu acío represou-

tava um verdadeiro suicídio, não teve um momento de hesitação, sendo testemunha do seu heroísmo o relatório do próprio comandante do submarino, que declarou que nunca presenccou um feito tam valoroso nas acções navais em que que tinha tomado parte. Defrontando um grande submarino inimigo, fortemente armado, Carvalho Araújo atirou-se, com o o seu navio, contra ôle com um heroísmo que jamais-poderá ser excedido e que ra-ríssimas vezes tora sido igualado. E por isso que o leito de Carvalho Araújo é qualquer cousa de muito grande, representando uma das páginas mais brilhantes de toda ^a história da nossa marinha de guerra. E preciso que Portugal o não esqueça, porque nós, .os marinheiros portugueses jamais o esqueceremos. Tenho dito.

O Sr. Domingos Cruz:—-Sr. Presidente : do coração me associo à homenagem que esta sendo prestada à memória de Carvalho Araújo.

Todas as palavras proferidas, todas as homenagens prestadas a esse grande oficial são bem, como já se disse, uma consagração própria de portugueses, e já 'que o Sr. Augusto Dias da Silva quis tomar a iniciativa de propor que seja tornada extensiva a pensão aos marinheiros que também pereceram no Augusto de Castilho, que escreveu uma das páginas fulgurantes da nossa história marítima, dou a minha aprovação à sua proposta, aproveitando o ensejo para pedir a atenção do Sr. Ministro das Finanças, visto que o Sr. Ministro da Marinha não está presente, para que seja reparada a injustiça que representa o não ter sido ainda colocada no quartel de marinheiros a lapide onde para sempre fiquem inscritos os nomes dos marinheiros que morreram em combate durante a última guerra.