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Diário da Câmara dos Deputados

'S. Ex.a o Sr. Ministro do Comércio, e eu aproveito a ocasião para salientar o facto, iniciou, realmente, uma política dó saneamento a dentro das obras do Estado, e eu folgo em constatar que S. Ex.a tem tido como colaborador dedicadíssimo um engenheiro ilustre que muito honra as fileiras do' Grupo Popular: o Sr. Ovídio Malheiro, o qual, estou convencido, o Sr. Ministro do Comércio não deixará de ter em apreço, pelos muitos serviços que esse funcionário tem prestado ao Estado.

E assim, que o Grupo Republicano Popular, pelos seus homens aqui dentro, pelos seus elementos de colaboração lá fora, contribui para o saneamento da nossa administração pública, que deixa muito a desejar.

E não sou eu que o digo, para tirar efeitos oratórios, é das próprias bancadas do Poder que vêm dia a dia afirmações,concretas no sentido de que essa adminisnistração tem sido ruinosa, muitas vezes crapulosa.

O Sr. Ministro do Comércio, com a responsabilidade da situação que ocupa, atirou para público as mais graves afirmações, que talvez fosse conveniente rodear dumas certas cautelas, mas não será o Grupo Popular que impedirá S. Ex.a de falar em termos alevantados a linguagem da verdade. (Apoiados).

Sr. Presidente: eu vejo no orçamento do Ministério do Comércio uma rubrica «Instituições hospitalares».

Realmente, no que se tem pensado menos ó em hospitalização.

Passando há dias em Coimbra, visitei o hospital. ..

O Sr. Alfredo Cruz: — O hospital de Coimbra ó um hospital modelar. ,.

O Orador:—Nem ou digo o contrário, mas estou convencido de que se tem gasto nos hospitais, com obras, muito mais que era necessário gastar.

O Sr. Presidente :—Faltam cinco minutos para se entrar na parte destinada a antes de encerrar a sessão.

O Orador:—Então fico com a palavra reservada.

Antes de se encerrar a sessão

O Sr. Álvaro Guedes:—Tendo pedido a palavra para tratar em negócio urgente

dum assunto que reputo importante, e a Carneira tendo-me negado essa autorização, não ó agora apenas em cinco minutos que posso desenvolver o assunto que desejava tratar.

No Diário de Notícias de hoje fazem--se considerações graves, embora justas, sobre a maneira fácil com que os Ministros da República fazem acusações e levantam suspeitas, apontam vagamente, sem as concretizar, irregularidades cometidas nos serviços públicos.

Já em tempos tive ocasião de convidar um Ministro a dirigir-se ao Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior depondo perante ele as acusações que lançou sobre as câmaras municipais e autoridades administrativas, solicitando dele e não da Câmara as respectivas sanções.

A maior parte dos Ministros fazem acusações que não provam, ou não procedem, e isto só serve para o desprestígio do poder e especialmente do Parlamento, se ficar impassível perante estes factos.

Nada tenho com a crítica que se faz ao Poder Executivo, mas tenho com a que se refere ao Parlamento, e que é injusta, pois não tem faltado aqui quem, como eu, íuuha protestado contra várias atitudes irreflectidas que só servem para desprestigiar e nada mais.

E certo que nesta Câmara vários Ministros e parlamentares têm feito referências e acusações vagas a determinadas classes -da sociedade portuguesa e sobre determinados indivíduos, e ainda há momentos um ilustre Deputado, a propósito dos relatórios da comissão de inquérito ao Ministério dos Abastecimentos, afirmou que ela era apenas uni tribunal de calúnias.

Francamente a Câmara devia imediatamente ter protestado contra tal afirmação, porque estou convencido de que a comissão de inquérito não é de modo algum uma comissão de calúnias.

É de estranhar todavia que o Parlamento se não sensibilize mais com certas afirmações, como com aquela que em aparte a um discurso do Sr. Álvaro do Castro aqui produziu o Sr. António Maria da Silva, que ó um parlamentar muito ilustre e uma alta figura da República, dizendo que o País tem estado a saque.