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Sessão de 11 de Junho de 1920

estranho que assim se lancem suspeitas e acusações sem se provarem, ou sem se darem elementos às autoridades para enviarem os prevaricadores para os tribunais.

Contra isto protesto, porque entendo que os homens públicos devem usar de uma .maior circunspecção para evitarem que se carregue ainda mais esta pesada atmosfera de suspeições em que vive actualmente a política portuguesa.

Era isto o que eu tenho a dizer.-

E por agora nada mais.

O Sr. Ministro do Comércio (Aníbal Lúcio de Azevedo):— Sr. Presidente: p,edi a palavra para responder ao Sr. Álvaro Guedes, devendo em primeiro lugar observar a S. Ex.a que desde a primeira hora em que assumi a responsabilidade do Poder, desde o primeiro momento em que entrei para o Governo da presidência do ilustre homem público, que foi o Sr. Coronel António Maria Baptista, tomei o compromisso formal de vir para aqui fazer -uma política nacional, independente de partidos, absolntamente honesta, sem tibiezas nem enfraquecimentos, dizendo toda a verdade, porque exactamente pela razão de se faltar à verdade é que chegámos à angustiosa situação em que nos encontramos.

De resto, estou habituado desde criança a tomar a responsabilidade das minhas palavras e dos meus actos.

Não sei a que artigo o Sr. Álvaro Guedes se referiu, porque ainda hoje não tive tempo para ler jornais e por isso não sei em que se baseia.

O Sr. Álvaro Guedes :— O que critiquei foi que dentro do Parlamento muitos homens, Ministros e parlamentares, façam acusações vagas.

O Orador:—

É o que eu quero saber.

Falar a verdade, Sr. Presidente, não ó desprestigioso para a República, nem para o País.

Eu, Sr. Presidente, já disse e repito que estou habituado desde pequeno a assumir por inteiro e completo a responsabilidade dos meus actos e das minhas palavras, e assim devo repetir o que já dis-

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se no Senado: que infelizmente na nossa administração, dentro da República, nem sempre se tem seguido o caminho que seria para desejar, podendo-se dizer que o País tem estado verdadeiramente a saque.

O Sr. Álvaro Guedes:—O que eu desejava é que V. Ex.a e o Governo tivessem a coragem de meter na cadeia todos esses que tem posto o País a saque.

O Orador:—Eu, Sr. Presidente, não costumo empregar palavras para me tornar popular.

Já disse a V. Ex.a que o País tem estado a saque e isto posso prová-lo e demonstrá-lo com documentos.

Dentro da República tem havido funcionários pouco honestos; porém, eu algumas medidas já tenho tomado a bem da República e do País, isto pelo que diz respeito aos serviços que correm pela minha pasta, como sejam os serviços das obras públicas.

Alguns funcionários já se acham presos e outros sê-lo hão se para tal existir razão.

Posso garantir a V. Ex.a que, quando for oportuno, provarei à Câmara com documentos a verdade das minhas palavras, pois não venho para,aqui fazer insinuações.

Assumo por completo a responsabilidade do que digo, conhecendo bem os deveres que me impõem a responsabilidade do lugar que ocupo.

Repito, quando for oportuno mostrarei a V. Ex.a e à Câmara com documentos e números como o País tem estado a saque.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Pedro Pita : — Sr. Presidente: pedi a palavra para chamar a atenção do Sr. Ministro do Comércio para a situação em que se encontra a Ilha da Madeira em virtude dos últimos temporais que caíram sobre aquela ilha e que produziram estragos de um valor muito importante, estragos muito maiores do que aquolos que caíram sobre os Açores.