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Diário da Câmara dos Deputado»

tamente falseada pelo Governo actual, o que passo a provar com imensa facilidade quer em relação às funções e à missão que o Governo se atribui, quer mesmo aos seus elementos constituintes.

De.facto, Sr. Presidente, para um Governo das esquerdas não vejo no Ministério outros elementos representativos dessas correntes a não ser o Sr. Presidente do Ministério, o Sr. Ministro das Coló-

O Sr. Ministro da Justiça, que é uni magistrado distinto, sendo um dos altos funcionários da República, o Sr. Ministro da Justiça que, num Ministério radical, exactamente por ser Ministro da Justiça, devia ser a figura que mais imprimiria ao Governo a feição radical, nunca, nem pelo seu passado, nem pelo seu presente, se conseguiu colocar como uma personalidade política de feição radical.

De forma que, Sr. Presidente, como V. Ex.a vê, em relação a alguns dos elementos que constituem o Governo, a indicação constitucional do Parlamento, se existiu, foi falseada.

Mas, Sr. Presidente, se nós anotamos apenas algumas afirmações feitas até hoje por alguns dos membros do Governo a respeito dalguns problemas políticos, a organização do actual Governo salientá--se ainda menos radical ou mais cònfusa-mente radical, se apraz a alguém.

Um dos problemas que aí tem dividido os pretensos radicais e os pretensos conservadores em Portugal é a questão da amnistia e verificamos que, emquanto o Sr. Presidente do Ministério não definiu

ainda, creio eu, uma atitude em relação a esse problema—pelo menos .eu na o tenho disso conhecimento — em todo o caso há um partido ou um grupo parlamentar que definiu a sua atitude em relação a esse problems da forma mais nítida e clara.

Ainda ontem, Sr. Presidente, num comício realizado em Lisboa, o ilustre lea-der do Grupo Parlamentar Popular, Sr. Dr. Júlio Martins, insistiu contra o ponto de vista do problema da amnistia, achando-a inoportuna. Emquanto isto se dá em relação aos dois representantes desse grupo no Governo, o Sr. Dr. João Gonçalves ilustre Ministro da Agricultura já se manifestou a favor da amnistia bem como S. Ex.a o Sr. Ministro do Trabalho que igualmente já nesta Câmara tratou do assunto, por forma a não deixar dúvidas sobre a sua opinião acerca deste facto. Assim, Sr. Presidente, este Governo só é pretensamente radical, exactamente como são pretensos radicais aqueles que se inculcam como tais, em Portugal, sem, como muito bem disse o Sr. João Camoe-sas, saberam o que seja ser radical.

Mas, o que me dá a prova provada de que. efectivamente, este Governo fcilseou a indicação constitucional, se ela existiu, é a sua declaração ministerial. Diz o Governo:

... procurará interpretar o sentir da-> quela forte corrente da opiuão pública que i reclama com instância, as soluções iine-I diatas da crise económica e financeira que j atravessamos. E ninguém em boa fé, dn-j vidará da .isenção com que, pondo de lado as conveniências' estritamente partidárias, fui até aqueles que estranhos a este meio-político, devem pela suas invulgares qualidades de competência auxiliar eficazmente os nossos esforços.

Sr. Presidente: se V. Ex.a tivesse lido-a imprensa do País, se tivesse procurado aperceber-se das várias correntes e dos seus representantes, V. Ex.a deveria ter verificado que, são, precisamente, as chamadas classes trabalhadoras, as que pregam a organização de um Governo que realize a obra de reconstitulção nacional, económica e financeira.