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de 28 de Junho de 1920

Eu tenho defendido esse ponto de vista, porém, entendo que isso se mio poderá fazer senão levando algum tempo.

O Orador: — Agradeço muito ao Presidente do Ministério, Sr. António Maria da Silva, as explicações que me acaba de dar, e, se bem que n 3o esteja plenamente do acordo com elas, o meu desejo é qno S. Ex.a trate do assunto, a quo me referi, no mais curto prazo de tempo, tratando igualmente da questão dos trans portes, tanto marítimos como terrestres, expondo a sua maneira de ver sobre o assunto para nós depois a podermos aqui apreciar devidamente.

O Sr. Presidente do Ministério (António Maria da Silva) : — Eu devo dizer a V. Ex.a que o assunto a que se refere há-de fazer parte duma proposta quo o Governo há-de trazer ao Parlamento, a fim de aqui poder ser depois discutida e apreciada.

O Orador: — Sr. Presidente: eu não quero alongar-me muito mais nas minhas considerações, mas devo declarar que nós, apesar do apoio que damos ao Governo, se entendermos que ôle vai por mau caminho, adverti-lo hemos, isto para bem da Nação e da República. (Apoia-dos).

Ô nosso desejo é que o Governo faça alguma cousa^ para bem do País, e que encontre no seu caminho todas as facilidades, pois que a hora que atravessamos é de sacrifícios.

E digo a S. Ex.a que, se não tem maneira de cumprir a sua missão, então S. Ex.a saia em boa altura. Mas, em-quanto entender que tem por si energia, qualidades e inteligência, fique, que n£lo é hora de andar-se todos os dias a mudar de Ministérios.

O Sr. Ladislau Batalha: — No fim de longa laboraçilo apresentou-se, finalmente, o novo Ministério, quo, se não íoi recebido com todo aquele carinho que seria para desejar, em verdade ainda não recebeu ataques capazes de lhe abrir mossa.

Largamente se tem discutido o asserto, fazendo recordar bem a velha norma da verborreia nacional com que realmente se protelam as discussões a poder d©

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larguíssimos e extensíssimos discursos* que, nem sempre apesar de prodigiosos, deixam a questão esclarecida.

Suscitou-se aqui, pela apresentação deste Governo, a questão, tanta voz suscitada, das esquerdas e das direitas.

Em verdade é preciso reconhecer que Ministérios das esquerdas e das direitas existem, de facto, em certos países.

Em Portugal, infelizmente, estas designações não traduzem uira realidade. É simplesmente estar-se a fazer uma gini-nástica de palavras, e com essas palavras querer-se criar, porventura, dificuldades a uni Ministério, que está incipiente. É uma criança que ainda ontem nasceu; alimentem na primeiro, castiguem-na mais ao diante, se o merecer.

Sr. Presidente: esquerdas e direitas há naqueles países aonde a política significa ideas e traduz aspirações; onde se debatem princípios e doutrinas.

Dentro deste Parlamento, é preciso dizer-se, não se conhecem propriamente se-, não republicanos e socialistas. Estes constituem a esquerda.

Direita serão todos os outros pseudo-•partidos. Tem-se falseado a idea neste ponto.

Nunca numa crise desta natureza se pensou em discutir esquerdas ou direitas, discussão que artificiosamente se pretende aplicar a este Ministério.

O que mais importa é conhecer o objectivo que o país precisa atingir.

Por consequência não aceito o princípio aplicado até agora nesta discussão.

O Sr. Dr. António Granjo, quando fez a distinção e registou a característica de um dos membros que constituem o actual Ministério, foi obrigado a reconhecer que de facto nele não havia direitas nem esquerdas, na acepção partidária que alumia o critério de S. Ex.a

Também vários oradores tem apreciado com certa acrimónia a chamada declaração ministerial, apresentada por este Governo.

Devo dizer que a apresentação das declarações ministeriais em Portugal continua a ser uma espécie de prorrogamenío dos antigos discursos da coroa. HS