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Sés ião de 3 de A fios' ode 19'20

Veio o Sr. Ministro da Agricultura dizer que o grande mal para o País é a junção da moagem com a panificação. £ Mas como é que S. Ex.a evita esse mal? Dirá, naturalmente, que não tem meios para o conseguir. O quo seria absoluta-.inento necessário, como há tempos ponderei, é que se proporcionassem à Manutenção Militar as condições de produzir a farinha e o pão necessários para o consumo de Lisboa. Se se tivesse seguido esse caminho não andariam sempre os Ministros no risco de serem declarados vendidos à moagem e do se acharem manietados para fazer qualquer obra útil e proveitosa para o País.

Continuo -a afirmar, Sr. Presidente, que a esta obra de subsistências, seja qual for o género em questão, tem faltado em absoluto o espírito de previsão.

As declarações que há pouco fez o Sr. João Gonçalves são absolutamente fantásticas. Disso S. Ex.a que não se preocupou com o trigo exótico.

Aparte do Sr. João Gonçalves.

O Orador:—Disse S. Ex.a que não tratou senão de obter o trigo nacional; po-rôm, a preocupação dum Ministro deve ser o do tudo prevenir. Como S. Ex,a sabe, a produção de trigo deste ano está avaliada em 300 milhões de quilogramas para um consumo que se acha computado em 360 milhões de quilogramas, faltando, portanto, para cinco meses.

O Sr. João Luís Ricardo: —

O Orador: — Sim, senhor.

O.Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura (António Granjo): — A informação dada ao Ministro pelo Ministério da Agricultura, calculada sobre a produção e a importação do ano passado, ó de que o trigo chegará para cinco meses.

O Orador:—Então faltará para sete. De tudo isto o que se conclui ó que nos Ministérios se continua a não saber nada. (Apoiados*). .

Sc a falta é para sete meses, (?onde é que o Sr. Ministro da Agricultura pensa em ir buscar os 310 milhões de quilogramas quo nos são precisos?

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Dos mercados da Europa, era quás sempre dos da Kússia e da Eoménia que, em geral, nos abastecíamos. Com respeito ao primeiro nenhumas esperanças nos podem restar, e, relativamente ao segundo, só o Sr. João Gonçalves teria tido a sorte de lhe fazerem uma oferta a cerca de $32 por quilograma. -

O Sr. João Gonçalves: — Eu aguardava que tornassem essa oferta firme, porque o não era, para a poder aceitar.

O Orador: — Se me aparecessem a fazer tal oferta eu julgaria que estavam caçoando comigo. Isso mostra quo V. Ex.a não tinha as informações que devia possuir.

O Sr. João Gonçalves: — O que eu não podia fazer era correr do meu gabinete uma criatura que é de todo o respeito e bem cotada no nosso meio comercial, que me aparecia a fazer uma oferta dependente de confirmação.

O Orador: — Não discutamos isso.

Quási todos os países da Europa, têm trabalhado de forma a aumentar a sua produção. A Espanha produziu o ano passado 35 milhões de quintais, e Cste ano elerou a sua produção a 39 milhões de quintais.

A Inglaterra aumentou 40 a 60 por cento da sua produção, e a França produz o bastante para o seu consumo próprio.

Nós não temos trigo na Europa e precisamos de o ir buscar ao Canadá, Estados Unidos, Argentina e Austrália.

O trigo do Canadá e Estados Unidos é destinado ao abastecimento dos países que estiveram em guerra e dos países inimigos, sem que se nos tivesse sido feita, ao menos, a justiça de nos fornecer também a nós, que entrámos em guerra e que fomos aliados da Inglaterra. Só nos podemos fornecer, da Argentina, e o mercado deste país estabeleceu que só se exportassem 500 milhões de quintais e, a uma sobretaxa de tal ordem, que este trigo vem caríssimo.