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ciai das dificuldades que o país atravessa, passa à ordem do dia.

Sala das sessões da Câmara dos Deputados, 3 do Agosto de 1920.—O Deputado, Francisco Coelho do Amaral Reis.

Sr. Presidente: se o Sr. Ministro da Agricultura estivesse presente enviar-lhe--ia as minhas saudações, visto que é esta a primeira vez que pedi a palavra para me dirigir a S. Ex.a Folgo, porém, que S. Ex.a não se encontre presente, porque a sua ausôncia é para mim unia indicativa do que a questão das subsistôncias melhorou a tal ponto que S. Ex.a entendo que só necessita obter da Câmara a aprovação da proposta que aqui apresentou, considerando inútil a discussão que se faça sobre o assunto.

Eu, porém, não penso assim, porque se o pensasse desistiria da palavra.

Sr. Presidente: eu pedi a palavra na quinta-íeira passada, para antes da ordem do dia, quando presente o Sr. Ministro das Colónias.

Sou daqueles que se revoltaram contra o que se passou em Vila Franca, na presença cio Sr. Presidente- do Ministério e Ministro da Agricultura. Fizeram-se ali fantásticas afirmações não só contra a República, mas também contra os membros do Governo transacto. Estou convencido de que S. Ex.a teve horas amargas e de aborrecimento ao ouvir as críticas feitas à obra de muitos que se encontram hoje a dar o seu liai apoio ao "Governo. Para não protelar o debate-abstenho-me de levantar essas afirmações, mas não deixo, todavia, de lavrar contra elas o meu mais enérgico protesto.

Entrando propriamente na questão das subsistências, começarei por me referir à questão do pão.

A questão .das subsistências tem sido olhada pelos Governos unicamente debaixo do ponto ide vista das dificuldades de momento.

Em toda a legislação feita sobre o assunto tem faltado o mais leve espírito de provisão.

Já em 1917 tive a satisfação, permitam-me o termo, de ter sido apoiado por todos os lados da Câmara, a propósito da afirnração que fiz. mas a verdade é que depois os problemas foram tratados ao inverso do que propunha, e os factos vie-

Diàrio da Câmara dos Deputados

ram dar-me inteiramente razão, e todos os problemas que pedi fossem resolvidos, mal ou bem, tinham indicada a forma de os resolver.

Mas vamos à questão do trigo.

Pode-se afirmar que devido à imprevidência, ignorância ou incompetência com que tem sido tratada a questão, a verdade ó que se atiram milhares do contos por ano pela janela fora, o que se podia evitar.

Mas é interessante ver o que têm determinado alguns Ministros; é das cousas mais extraordinárias. (Apoiados^),

Pode-se dizer que cada vez são maiores os lucros da moagem.

O Sr. Lima Bastos, que em tempos tinha estabelecido o regime do pão único, descobriu que o país estava há muitos anos a ser escandalosamente roubado. Custa a crer que se possa fazer tal acusação num país em que há uma Manutenção Militar que produz pão.

Devem, pois, haver todos os elementos. Os Ministros devem té los.

Gostava de ouvir o Sr. Ministro da Agricultura no que diz respeito ao pão.

Uma das cousas que me preocupam ó como é possível fornecer pão branco com produtos caros. A única solução é à custa do Estado, e a gente lê nos jornais que se gastam 50:000 contos por ano.

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Afirmo-o hoje como o afirmei sempre: com dois tipos de pão; um paga o outro.

Diz se: «Mas isso será o maior serviço prestado à moagem».

li, emquanto os Ministros não tiverem a coragem do. encarar esse problema de frente, o isso é simples.

Quem conhece o regime das fábricas de moagem sabe quê elas têm uma capacidade de laboração muitas vezes superior à efectiva. (Apoiados).

Basta dizer a V. Ex.a que a Companhia Nacional de Moagem tem uma produção maior do que nunca o que quere dizer que o Governo lhe bastava ter uma ou duas destas fábricas por sua conta para ser senhor absoluto da administração pública.