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Ses&ão de 3 de Agosto de 1920

O Sr. Amaral Reis:—Estando o açúcar no estrangeiro mais caro, não o querem vender em Portugal.

O Orador: — Sendo os preços mais altos no estrangeiro, as mercadorias fogem.

O Sr. João Luís Ricardo:—Porque se deixam fugir? Não há coragem de impedir que elas fujam.

O Orador:—A respeito do carvão, devo dizer que n^o se vendia carvão em Lisboa, por motivo da alta que li avia cTtingido as leuhas. Por isso elevei o preço do carvão, de maneira a existir correspondência entre o preço da lenha e'do carvão.

Se tivesse entrado o carvão mineral da Inglaterra', teria baixado o preço do nosso carvão vegetal.

Se se fizesse descer o preço da lenha, baixaria o preço do carvão. Mas tendo as lenhas um preço elevado, tive de harmonizar um pouco o preço do carvão com as lenhas.

Quando fui Ministro, quis acudir, dentro das possibilidades, a este estado de CD usas, mas as leis existentes tinham caducado.

Tive de levantar, pois, o preço do carvão, porque dentro de 4 meses deixavam de desfornar.

Estávamos ameaçados de não ter carvão no inverno, porque, pelas averiguações a que procedi, verifiquei não haver nenhum carvão em Lisboa nem nas estações dos caminhos de ferro.

Interrupção.

O Orador: — Não havia carvão em Lisboa. Só pela violência se conseguiria o carvão.

Não se vendia o carvão, porque o preço não convinha. •

O carvão estava a fugir para os montes, como verificaram pessoas da minha família que mandei ao Alentejo.

O Sr. João Luís Ricardo (interrompendo):— Não se devia elevar o preço do carvão, porque o carvão que se estava a fabricar, só daqui a quatro meses aparecia.

Os importadores de carvão tinham-me garantido que me vendiam todo o carvão.

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O Orador: — Conheço muito bem as estações e é um facto que se estava a desfornar, e que daqui a 4 ou 5 meses nfio havia carvão em Lisboa.

O Sr. João Luís Ricardo:—Podíamos ter carvão em Lisboa ao preço de £09 o quilograma.

Sei perfeitamente isso.

Se fôssemos harmonizar o preço das lenhas com o do carvão, nem a £50 só poderia vender o carvão, para fazer a vontade aos negociantes, porque a lenha está a 67$-a tonelada.

O problema dó carvão devia ter sido tratado a tempo. Se o Governo tivesse conseguido que a Inglaterra nos garantisse o fornecimento do carvão mineral, podíamos ter o carvão vegetal mais barato.

Desde que havia earvão para vender S. Ex.a só pela violência poderia ter conseguido arrastar o carvoeiro a trazê-lo para Lisboa, mas não se livraria da sua revanche, acabando com o produção do carvão.

O Sr. João Luís Ricardo: — V. Ex.a sabe qpe uma das razões que mais motivaram a subida do preço das lenhas foi o facto da direcção dos caminhos do ferro de sul e sueste ter aberto um concurso para a aquisição de 17:COO toneladas. A lenha que estava a 17$ passou a 28$.,

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O Orador: — O facto, porém, ó que o preço do carvão tem fatalmente de. subir, pois de contrário, e mesmo que venha carvão-mineral,- o seu fabrico passará a não corresponder às necessidades do consumo. '

Mas vamos agora à questão dos trigos. Logo que tomei conta da minlia pasta, procurei saber oficialmente qual a despesa que acarretava urna sementeira, mas apesar de lá ter estado 20 dias não houve maneira de obter os elementos .indispensáveis a Osse cálculo. Os dias iam correndo, a situação ia-se agravando e eu resolvi então convocar a agricultura a uma reunião. Os lavradores do Alentejo expuseram os seus pontos de vista, procedendo por igual forma os lavradores do Ribatejo da região norte e da região sul.