O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22

abastecermos o nosso País em quantidade, qualidade e preços razoáveis.

Eu pediria ao Sr. Ministro da Agricultura que a tempo e a horas se lembre dos sete meses, para não acontecer o que se está dando. ,

Se eu quisesse fatigar a atenção da Câmara poderia demonstrar, baseado em números, que a produção em Portugal tem diminuído.

Em 1899-1900-a produção do nosso País era nitúor do qu>e hojs.

Tem, de facto, diminuído a produção e também aumentado o consumo.

Sr. Presidente: ouvi aqui uma afirmação do Sr. Ministro da Agricultura que me parece extraordinária.

S. Ex.a afirmou que grande parte de tudo quanto nós tínhamos ia para Espanha.

Sr. Presidente: há muito tempo que a •obra governamental dos que nos administram se cifra quási que única e exclusivamente cm mandar notas oficiosas para os jornais.

A verdade é que, insertas essas notas oficiosas nos jornais, os Ministros vão para as suas famílias, muito satisfeitos da obra que fizeram,.e nunca mais se pensa na caso.

Passamos a vida a fazer um verdadeiro Uuff das cousas mais sérias.

Interrupção do Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura que não se ouviu.

O Orador: — Sr. Presidente: o ilustre Deputado Sr. João Gonçalves, pessoa por quem eu tenho uma afectuosa consideração, disse uma cousa com que eu concordo em absoluto.

E S. li»x.a de opinião da que podemos apelar para outros" produtos panifieáveis em. substituição do trigo. Também- estou com 0sse critério, porque, se amanhã só houver pão de milho, por exemplo, toda a gente tora de comê-lo, e antes esse do que nenhum.

Eu. vou ler à Câmara nm telegrama qu© em Setembro, sendo eu governador de Angola, mandei ao Sr. Ministro das Colónias de então sobre o assunto.

Depois repeti a todos os Ministros das Colónias a leitura do texto desse telegrama, nias S. Ex.as atarefados como estavam, na elaboração da-s diversas notas ofi-

Diàrio da Câmara dos Deputados

ciosas em que eram férteis, não lhe ligaram importância alguma.

E quando eu esperava ansioso qualquer resposta da parte de S. Ex.as, recebi com espanto em 25 de Setembro, um' .telegrama da metrópole em que se pedia criação dum lugar de dentista.

Era então Ministro das Colónias o Sr. Rodrigues Gaspar, ao qual me apressei a . responder que não havia nada que me fizesse propor a criação dum lugar de den-I tista, numa terra em que o próprio audi-| tor substituto tirava dentes com todo o carinho nas horas do expediente. (Risos).

Angola tem possibilidades de produzir o milho e não digo o trigo para não alimentar utopias, suficiente para fazer face ao consumo da metrópole; mostram-o as. experiências já realizadas, o que já não sucede relativamente ao trigo.

Ouço. é certo., falar constantemente no planalto de Huila, mas o facto é que o planalto fie Huíla pouco mais pode produzir.

O que há pois a fazer é intensificar a j produção do milho, levando o indígena à prática dessa cultura, e digo o indígena, porque a produção da 'cultura europeia ê quási nula, segundo se pode verificar pelas estatísticas da colónia de Angola.

Dizia-se que era necessário produzir trigo em Angola, procedendo ao seu cul- " i tivo.

,jMâs não o tentou, acaso o seu governador ?

Tentou-o, mas dentro dos limitados recursos de que podia dispor e tanto assim que chegou a ser publicada a seguinte portaria sobre o assunto e tendo sido adquiridas as sementes e os necessários instrumentos de trabalho. '

E este o caminho a seguir e foi exactamente por não o termos seguido que nós temos hoje uma das principais culturas: a do algodão.

Tem a província de Angola, como já disse, todas as condições para produzir vários produtos indispensáveis à metrópole, principalmente arroz e milho em quantidades formidáveis desde que se tornasse obrigatória a sua cultura pelos indígenas.