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•Sessão tíe 21 de Outubro de Í920

•Governo, e ó por isso que o nosso protesto mais se acentua, lamentando profundamente que uni capricho dum Ministro, não querendo atender às reclamações dos ferroviários, leve o Estado a, despender a importante quantia de 3:000 •contos.

O Governo, pela boca do Sr. Ministro •do Comércio e pela boca do Sr. Presidente do Ministério, considerou justíssimas as reclamações dos ferroviários, mas não as atende e está provocando nm con-•flito que, a agravar-se, não consumirá -3:000 contos, mas muito mais, para ser resolvido, por isso que os ferroviários estão na disposição de se manter em greve, custe o que custar, até o fim.

E não faz sentido, Sr. Presidente, que depois de se ter dito aqui e afirmado que •é preciso uma maior produção, que é preciso mais trabalho, porque e país está numa situação desgraçada— o Governo lamentavelmente, para sufocar uma grevo vá arrancar 60:000 braços às fábricas, às oficinas e aos campos.

Sinto ôste facto, e comigo sente-o ôste •lado da Câmara. (Apoiados).

Temos pena, realmente, de que o Governo não tivesse atendido as reclamações dos ferroviários desde logo, porque •estou inteiramente convencido de que as •há-de atender.

Estou convencido de que as há-de aten-der, pois a firmeza dessa classe há-de ser tanta que o Governo, por mais forças militares que imponha, não há-de quebrar a solidariedade que existe entre essa classe •que é digna do respeito de nós todos.

Conta S. Ex.a com o exército para de-•fendor o país e estou convencido de que •o exército ó republicano, e para isso está .ao lado do Governo, mas não estará, certamente, para ir contra os que trabalham •e esmagar essas classes.

Eu, como operário que sou, entendo que mão devem quebrar a solidariedade que •entre eles existe, para não serem esmagados.

Nós, socialistas, não damos o nosso voto a osta proposta, não só porque ela é para ser empregada contra uma classe trabalhadora, como porque o país não tem recursos de modo a arcar com tantas des-

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Hz o Sr» Ministro das Finanças que o Estado camiaha para o abismo, mas eu

não compreendo como se faça tal afirmação e se pretenda gastar tanto dinheiro inutilmente.

Agora voni o Sr. Ministro da Guerra pedir dinheiro para despesas com o exército, e depois virá certamente o Sr. Ministro do Interior pedir mais dinheiro para despesas feitas com a guarda republicana.

Portanto, não podemos nós dar o nosso voto a esta proposta, porque certamente o país se admiraria que concorrêssemos para a falta de cautela com que se está procedendo, agravando cada vez mais a nossa situação.

A situação em que se encontra esta greve deve se aos caprichos do Sr. Ministro do Comércio que não tem querido ouvir os ferroviários.

O Governo confia no militarismo para esmagar a classe ferroviária, mas eu não necessito apelar para ela que neste momento não me ouve para dizer-lhe que se conserve firme porque ela pode estar certa de que, por maior que seja a força que o Governo empregue, não a vencerá porque do seu lado está a razão.

Não é verdade que os ferroviários estejam bem pagos, e mais justo seria que o dinheiro que se qucre aplicar ao exército fosse destinado a melhorar a situação dessa classe.

Portanto, corno já disse o meu colega Ladislau Batalha nós rejeitamos essa proposta e outra não podia ser a nossa atitude.

O Sr. Costa Júnior: — Sr. Presidente: o Sr. Ministro da Guerra, ao apresentar esta proposta, devia dizer à-Câmara quais j as suspeitas que tinha para precisar de 30 mil homens.

Nós precisamos saber quais são essas suspeitas para ver se é justo ou não o pedido de 3:000 contos.

Como muito bem disse o meu colega Francisco Pereira, na ocasião presente todos esses homens são muitos precisos para a agricultura e para as fábricas e não podem prestar bons serviços numa profissão onde não estão acostumados.