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Diário da Câmara dos Deputados

vantado a sua voz para protestar contra a «Leva da Morte» e contra os espancamentos no Limoeiro.

Sr. Presidente:

Traga-a S. Ex.a e verá a recepção condigna que terá!

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra quando o orador restituir as notas taqui-(jráficas.

O Sr. Presidente: — O Sr. Sá Pereira pediu a palavra para o seguinte negócio urgente : graves acontecimentos ocorridos em S. Tomé.

Consultada a Câmara foi concedida a palavra, ao Sr. Sá Pereira.

O Sr. Sá Pereira: — Sr. Presidente: no decurso das considerações que acabei de fazer, tive ensejo de me referir às notícias que por telegrama foram recebidas de S. Tomé, comunicando que lavra ali a fome e que as autoridades prendem as pessoas que protestam, tratando-as depois nas cadeias a cavalo marinho.

Desejaria, pois, que o Sr. Ministro das Colónias me dissesse se já tem conhecimento destes factos e se o Governo procedeu por maneira a merecer reparos; e, se os não tem, se tenciona mandar proceder a uma sindicância, a qual deve ser feita imediatamente visto tratar-se de casos da mais alta gravidade como estes são.

Tenho dito.

O Sr. Ministro das Colónias (Ferreira da Rocha): — Sr. Presidente: pedi a palavra para declarar a.o ilustre Deputado que acabou de falar o Sr. Sá Pereira que tenho de facto recebido muitos telegramas de S. Tomo, porém, não tenho conhecimento desses a que V. Ex.a se acaba de -referir.

Não recebi no Ministério das Colónias a mais pequena notícia relativamente aos factos a que S. Ex.a se referiu.

O que sei somente é que se tem dado questões pessoais entre o anterior gover-

nador e o governador interino, isto devido à forma como ele está exercendo o seu cargo.

Tenho, como já disse, recebido muitos telegramas de S. Tomé, porém, nenhum deles se refere a que exista ali fome nem abusos de autoridade, razão porque não-vejo motivos para mandar proceder a uma sindicância, tanto mais tratando-se, como se trata, duma simples notícia referida par um jornal.

O Sr. Sá Pereira:—Eu devo declarar a V. Ex.a que os telegramas a que me referi foram lidos ontem na Mesa.

O Orador:— Não tinha conhecimento desses telegramas, mas visto o que V. Ex.a acaba de dizer vou pedir ao Sr. Presidente o obséquio de os mandar ler na Mesa.

Pausa.

O Sr. Presidente:-- Vão ler-se na Mesa os telegramas de S. Tomé a que o ilustre Deputado Sr. Sá Pereira se referiu.

Foram lidos na Mesa.

O Sr. Ministro das Colónias :—Sr. Presidente: dos telegramas que acabam de ser lidos na Mesa, um é realmente de S. Tomé, porém o outro é de Lisboa.

Convêm distinguir.

Eu vou dizer a V. Ex.a e à Câmara do que se trata na realidade.

O governador, desejando conservar-se no lugar que ocupa, tratou de fazer uma reunião de comerciantes, para estes por seu turno efectivarem uma maiiifesta-ção, tendo diminuído duas horas de serviço aos operários e dizendo-lhes que iam baratear ávida, manifestação que na realidade se fez, tendo eles percorrido as ruas dando vivas ao governador.

Telegrafaram-me dizendo-me que os comerciantes deviam ser expulsos da ilha, porque eram monárquicos e germanófilos, armando ao sentimento e não produzindo pelo raciocínio razões que explicassem o motivo do que afirmavam.