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Sestâo de 2 i de Outubro de 1920

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Sabem V. Ex.as, decerto, que estou aqui neste lugar por simples disciplin apartidá-ria.

Em. "outras oportunidades em que por gentileza e por suposição de que ein mim concorrem méritos que não tenho, me foram oferecidas algumas pastas, escusei-me polidamente com a consciência da minha incompetência.

Agora, porém, como soldado do um partido, foi-me indicado um posto que é um posto de honra c eu vim ocupá-lo modesta, obscura e' simplesmente para trabalhar.

Disse-o há pouco ao pronunciar o meu discurso de posse :

Já vou a meio da vida, já tenho cabelos brancos, e não vim buscar à minha cadeira d? Ministro, nem um nome, nem uma vaidade.

Venho sacrificado, venho trabalhar, e conto com o Parlamento. Honrar-me hei trabalhando com o Poder Legislativo ; e, emquanto V. Ex.as rne honrarem com a s,ua confiança, peco-lhes que não estorvem o meu trabalho. Quando me indicarem a mais leve sombra de desconfiança eu pedirei licença ao Presidente do Ministério e ao chefe do meu Partido, e retirar-me hei tam modestamente, tam simplesmente como quando para aqui vim.

Eu nunca recebi prova mais carinhosa de afecto do que aquela que hoje me foi aqui tributada, por todos os lados desta «Câmara.

Se eu pudesse ser susceptível de orgulho e de vaidade, eu devia sentir-me neste momento orgulhoso e vaidoso. Mas não; eu sei que devo as palavras das figuras eminentes que tiveram a generosidade de me saudar, não aos meus méritos, que o.s não tenho, mas ao facto de representar, aqui — obscuro representante, é certo — a literatura portuguesa.

Apresento comovidamente a S. Ex.a o Sr. Presidente do Ministério e aos ilustres leaders desta casa do Parlamento, quo quiseram generosamente saudar-me, a expressão sincera do meu profundo reconhecimento.

O orador foi .muito cumprimentado.

O discurso será publicado na integra quando o orador haja devolvido as notas taguigráficds.

O Sr. Júlio Martins s — Sr. Presidente: i a palavra para explicações, a fim de

responder ao Sr. Presidente do Ministério.

Não pode S. Ex.a estranhar que eu pusesse a questão nos termos ern que a coloquei, visto que S. Ex.* tendo afirmado que a base da constituição do seu Governo era a representação de três Partidos da República e tendo o Partido mais largamente aqui representado, retirado os seus membros, lógico era que eu lhe dirigisse a minha pregunta.

Eu sou apologista de um Governo forte e bem constituído.

Pelas declarações do Sr. António Gr anjo vemos que o Sr. Velhinho Correia é um delegado do Sr. Presidente do Ministério que no Governo se manterá, emquanto a ordem pública, não ficar absolutamente restabelecida.

A verdade, porém, é que o Sr. Velhinho Correia continua a estar filiado no Partido Democrático.

É esta a situação do Governo e do Parlamento.

Não tenho de felicitar o Sr. Presidente do Ministério pela situação em que se colocou, pois que continuando assim, o seu Ministério não irá longe.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Maria da Silva: — Sr. Presidente: coagido volto à questão que se debate.

Gostaria mais de gastar o meu tempo-om cousas mais úteis neste Parlamento j ruas tenho que dizer alguma cousa a respeito das declarações feitas anteontem pelo Sr. Presidente do Ministério o das ilações que tirou do documento que nesta casa foi apresentado por parte do meu Partido.

Desta bancada eu não vim dizer cousa que-não se tivesse dito na reunião do meu Partido e que não tivesse sido assente entre mim e os meus colegas desta e da outra casa do Parlamento.

S. Ex.a referiu-se à saída do Governo dos Ministros do Partido Democrático e à permanência doutro Ministro desse partido.

Eu não tenho de responder senão pelas^ cousas próprias. .