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Diário -Ia Câmara dos Deputados

ainda, como respeito V. Ex.% tendo-lhe ouvido muitas lições quo nem sempre consegui compreender, talvez por deficiência minha, e jamais me sonti aterrado quando uni mestre me dizia lá do alto da sua cátedra: «Isso é uma monstruosidade» !

Nunca tal facto constituiu motivo para ficar aterrado, tendo muitas vezes provado aos mestres quo eles ó que diziam monstruosidades. Os ídolos caíram. A maior parte deles tom pés de barro e ninguém já se admirará de que os mais sólidos um dia se esbarrondem e caiam no chão.

Afirmou também o Sr. Ministro várias cousas sobre milho, fava, centeio, tendo feito uma larga digressão sem ter apresentado quaisquer conclusões. Espero, pois, que na sua resposta S. Ex.a não deixará de a este respeito nos esclarecer devidamente. S. Ex.a dirá como espera salvar a Nação. Esperemos pelas suas leis do selo e do registo, embora tivéssemos visto já o que valia a sua lei da contribuição predial, a qual, perdendo um pouco o respeito pelos ídolos, tivemos também de classificar do monstruosidade.

Os contratos—-eis o que neste momento nos importa. O Sr. Ministro das Finanças vai certamente publicá-los. S. Ex.a será o primeiro a dizer: «Para honra da República, eu, que não prevariquei, eu, que tenho a consciência de que fiz uma obra útil, quero desfazer quaisquer suspeições que, seja por quem for, c especialmente pelos inimigos da República, possam ser lançadas a respeito dessas operações». Será, portanto, o Sr. Ministro quem pedirá aos seus amigos que votem a minha moção. Assim, os contratos ficarão suspensos por dois ou três dias — o tempo necessário para os podermos analisar — a República ficará dignificada, porquê os homens públicos nunca se desonram quando patenteiam os seus actos, e o Sr. Ministro das Finanças não ficará ames-quinhado, publicando ossos documentos, podendo depois, dó alto da sua cadeira e com todo o seu peso esmagar os que acusam a sua obra e demonstrar a monstruosidade das afirmações por eles produzidas.

Tenho dito.

Vozes : — Muito bem.

O discurso será publicado na íntegra quando forem devolvidas, revistas pelo orador, as notas taquigrájicas.

' O Sr. Ministro das Finanças (Inocêncio Camacho): — Sr. Presidente: serei breve porque em assuntos desta natureza penso que quanto menor número de palavras e mais factos melhor.

Pensava tanto o Governo em tornar públicos os contratos realizados, que sem indicação de ninguém, visto que não é responsável de forma alguma pelas notícias que os jornais livremente publicam, o Ministro das Finanças veio aqui, no cumprimento apenas do que em sua consciência considera um dever, relatar o que tinha feito em Bruxelas o Londres, como também já o tinha anunciado o Sr. Presidente do Ministério no dia da chegada do Ministro. Trata-se, pois, de actos expontâneos do Sr. Presidente do Ministério e do Ministro das Finanças, que não precisaram de obedecer a qualquer pressão.

Fazia-se tam pouca tenção do ocultar o contracto, que eu mesmo ao usar da palavra ia lendo algumas das suas passagens. Não, Sr. Presidente; o Governo entendeu sempre que os contratos deveriam ser conhecidos e o Sr. Presidente do Ministério mandá-los há para o Diário do Governo para serem publicados.

Os contratos — afirmo-o agora em meu nome pessoal— foram feitos e, por consequência, serão cumpridos. Os seus auto- , rés, se cometeram uni erro político, serão réus políticos o aqui cairão; se cometeram um delido de direito comum, deverão ser entregues aos tribunais. Poderei cair politicamente—e isso causar-me-ia talvez satisfação até — mas estou bem certo de que não corro o risco do entrar na cadeia. O Sr. Cunha Liai é pessoa que conheço há muito tempo, e ele sabe muito bem que o facto de falar em voz baixa ou em voz alta é para mira indiferente.

Aparte do Sr. Cunha Liai, que se wâo ouviu.

O Orador: — Mas no contrato do trigo trata-se apenas de adquiri-lo ao preço por que os mercados o vendem, e nenhuma remessa se efectuará, sem que o Governo, habilitado com todos os elementos necessários, diga se sim ou não.