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Scfsão de 20 de Outubro de 1920

mens que se sentam nas cadeiras do Poder, mas o País olha a Kepública e olha desconfiado, e a Kepública responder-lhe há desde que a Câmara aprove a minha moção.

Repare a Câmara o que por esse País fora se diz e o interesse que este assunto tem despertado; repare a Câmara que é necessário que se diga que o País não está vendido!

O Sr. Ministro foi a Bruxelas, falou com várias pessoas, mas creio que não foz nem mais nem menos do que os outros. S. Ex.a foi o próprio a confessar que se disseram palavras, palavras e palavras, mas chegaram à conclusão de que as condições de vida e as condições de meios de Portugal são muito diferentes das dos outros países. S. Ex.a ouviu tudo isso e, mais ainda, ouviu a opinião do Sr. Afonso Costa de que era preciso conservar S. Ex.a no Poder, de que era ne-cessáiio que S. Ex.a se mantivesse no Poder com o Ministério a quo pertence. Isto foi o que os jornais revelaram. A seguir, Sr. Presidente, tivcmo-s uma notícia, e essa respeitava a carvão. Foi que o Sr. Ministro das Finanças tinha conseguido realizar n m vantajoso contrato de carvão.

Não se conheciam as condições desse contrato; não se sabia se havia apenas duas partes contratantes, o Estado e qualquer casa fornecedora de carvão em Inglaterra.

Desconhecia-se se havia intermediários, desconhecia-se absolutamente tudo, e assim eu direi quo não foi debalde que esperei que o Sr. Ministro, no próprio dia da sua chegada, nos anunciasse que havia mais cousas, isto é, além de carvão, trigo e outros géneros. Porém o que eu pregunto é o seguinte: ,; O que são esses contratos? Eis o que o País precisa saber, e é por isso que digo que os actos dos homens públicos devem poder ver-se como se fossem realizados sob uma redoma de cristal.

Precisamos que nos esclareçam sobre as condições em que se foz o contrato do carvão.

Já tive ocasião de preguntar ao Sr. Ministro das Finanças, quando S. Ex.a aí [u i fez as suas declarações, se haverá qualquer intermediário neste negócio, e S. Ex.a respondeu-me que não. ilas íor-

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na-se indispensável quo o contrato do carvão seja publicado, a fim de que o.P.iís saiba os termos em que ele foi redigidu.

O Sr. Ministro das Finanças afirmoo que não há intermediários e nós^acredi-tamos sinceramente nas palavras de S. Ex.a, mas é necessário que a publicação do contrato seja feita coui rapidez, para que o Piiís disso se convença.

Não acuso; são afirmações publicadas, que o Governo tem do desmentir, e eu espero que o Sr. Ministro nos faça o favor de publicar o contrato.

Veiu a lume também uma notícia sobro a viagem do Sr. Ministro, com carácter oficioso, inserta em jornal que não é do meu Partido, mas sim daqueles homens que tom medo que eu, de espada ao lado, e montado num cavalo branco, como Na-poleão, vá à frente da Guarda Republicana arrancar-lhes aquilo que eles tem nos seus cofres.

A uotícia a que me refiro regosijou-mc, porque julguei que o Sr. Ministro das Finanças, fazendo um trabalho policial, queria descobrir os assambarcadores de libras para os meter na cadeia.

Mas, depois, encontrei no mesmo jornal outra notícia curiosa em que só falava na dissolução do Parlamento.

Sr. Presidente, pela minha parte, declaro que sou partidário da dissolução, c que isso para o Partido Popular é indiferente. Se amanhã o Parlamento for dissolvido não temos mais que ir para casa contentes, e talvez dizer à família que não souberam reconhecer os nossos serviços.

Disse eu aqui quo um consortium financeiro nos pusera este dilema: «navegação ou dissolução»; agora direi: «trigo e carvão ou dissolução».

Sr. Presidente, não digam quo, quando aqui estamos a defender os interesses do País, impedimos a realização de planos de administração pública; o que pretendemos saber é ein quo se gastam seis milhões de libras.

Mas reparem V. Ex.as: Domingo, 24, pela manhã, os jornais inseriam uma notícia oficiosa que tinha vindo do Ministério e que dizia o seguinte: