O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

18

Ministro da Agricultura, e reconhecendo que só o conhecimento e detalhado exame do referido contrato satisfaz os legítimos receios da Câmara e o respeito pelos sagrados deveres da Pátria e da República, resolve apelar para a lialdade dos Srs. Ministros das Finanças e Agricultura, no scutido cie sustarem a execução do contrato até que a Câmara se pronuncie sobre as suas. vantagens ou inconvenientes. Sala das Sessões, 26 de Outubro de 1920. — O Deputado, Cunha Liai».

Sr. Presidente: apesar de, às vezes, parecer qae estamos a brincar com tudo isto, que é afinal, o que de mais querido nós temos, apesar de, às vezes, palavras irreflectidas de Ministros dizerem que as afirmações mais graves e ditadas pelo mais puro sentimento republicano e patriótico são simples rapaziadas, apesar de tudo isto, entendo que devemos olhar para nós próprios, olhando também para o passado.

Entendo que nós, que deitámos a terra uma monarquia, devemos olhar para nós próprios, e ver, sinceramente, olhando esta República que fundámos, só não nos envergonhamos de ter levado, desde es longínquos tempos dá propaganda, a derruir, em nome de um princípio de ordem moral, a monarquia, para transformarmos esta República não na «Falperra de manto e coroa», em que falava o Sr. Dr. j Alexandre Braga, mas na «Falperra de barrete frígio». . .

Só se salva um regime que tem uma razão de ordem moral. Quando se ataca um regime, tendo a razão de ordem moral, este regime não subsiste. Só subsiste com uma condição: é que aqueles que o atacam não tenham autoridade para o atacar.

Foi por isso que a monarquia não pôde subsistir, e faliu miseravelmente, foi porque não era considerada, através de uma propaganda, como regime digno do nosso respeito. Foi porque ela continuou a ser a «Falperra de manto e coroa».

No dia em que não houvesse confiança na República, ela teria morrido. É por isso- que os homens da República têm de1 proeeder como se os cobrisse uma redoma de cristal, para que todos os seus actos ainda os mais simples possam ser vistos através desse cristal.

Diário da Câmara dos Deputados

Não há ninguém na governação pública que possa escudar-se no seu passado invocando-o para que não o ataquem.

Ninguém ataca homens. Nós, republicanos, queremos a explicação clara e franca dos actos dos homens. (Apoiados). Queremos que os contratos sejam vistos à luz da publicidade, para que todos conheçamos as vantagens e os inconvenientes deles.

Não 'há questões, sejam elas quais forem., e como esta dos seis milhões de libras, que representa para nós uma condição de vitalidade, ou porventura uni perigo, que não possam ser postas a claro. N3o há razão que possa levar um homem, que nos habituámos a respeitar desde os/tempos da propaganda, a deixar de explicar os seus actos e a demonstrá--los.

Não duvidamos da honestidade de pessoas superiores a todas as suspeitas, mas queremos que aqueles que não têm as mesmas razões de ordem moral formem desses homens o mesmo conceito, e coloquemos para isso a República bem alta e bem digna, a fim de que não possa ser alcunhada também de Falperra. Entendo que, ~pondo a questão com a franqueza com que a ponho, presto um serviço à República. (Apoiados).

Nos tempos da propaganda, era eu um simples estudante que amava a República que era propagada, e apaixonei-me por ela. É preciso que os que nos levaram a bater-nos'pela República reparem que é impossível afirmar a impossibilidade de explicar qualquer contrato. J^ao. jHá-de explicar-se tudo! (Apoiados). Há-de ser tudo posto à luz do sol e publicado no Diário do Governo. íLwemos de analisar os contratos, e depois diremos aos Ministros se eles procederam bem. ou mal, defendendo os interesses da República, porque não podemos pôr em dúvida, repito, a sua honorabilidade. (Apoiados). A minha moção di-lo claramente.

O contrato está assinado por dois Ministros, o da Agricultura e o das Finanças, e vale por dois anos. li/ uma operação financeira que não pode ser indiferente à Câmara. (Apoiados).