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Diário da Câmara dos Deputado*

Todos os Governos o têm feito. Todos os Governos, se se mantiver o actual regime, terão de o fazer.

O Sr. Júlio Martins: — V. Ex.11 diz uma vez ou outra, mas por uma nota que tenho, fornecida pelo Ministério da Agricultura, vejo que a maioria das propostas aceitas não têm o vistr da comissão.

O Orador: — A razão ó simples, e V. Ex.:l devia conhecê-la, pois já-.aqui'o disse. É que, quando tomei conta do Ministério da Agricultura, eu não tinha trigo senão para três ou quatro dias.

O Sr. Júlio Martins: — Não é então uma vez ou outra, como Y. Ex.s afirma. É a maioria das vezes.

O Orador: Para mostrar a excelência

Uma vez ou olitra a comissão demorou-se, por qualquer circunstância, em reunir. O Governo tinha necessidade de comprar, imediatamente, um carregamento do trigo o logo aparecia um carregamento tiutuante. .

Uma casa comercial de Lisboa que encomendara um carregamento de trigo, fê-lo estar durante alguns dias, flutuante, nas alturas das Canárias. Na ocasião precisa apareceu, mas poí% uma quantia superior àquela por que essa comissão o poderia obter. O Governo tinha necessidade de dar pão ao país e teve de fechar o contrato da compra.

Este caso, por si só, demonstra o vício fundamental do actual regime de fornecimentos de trigos.

Outro facto vou revelar à Câmara para mostrar a necessidade que eu, Ministro da Agricultura, tinha, defendendo os interesses da nação, de procurar obter •outro regime de fornecimento de trigos, porque o actual não serve.

Sabe toda a gente que, em combinação com a moagem, existe uma casa bancária; sabe toda a gente... Sabe toda a gente que em Portugal é fácil obter indicações •do que se passa nas repartições públicas e no seio de qualquer comissão. E uma vez aconteceu que na ocasião precisamente vem que o Governo não tinha, por acaso,

disponibilidades de ouro, foi encerrado o contrato para o fornecimento de trigo na importância de 1.200:000 libras. Fez-se imediatamente a exploração na praça; deu-se o agravamento dó câmbio, para ganharem com a precária situação do país. j

O Sr. Cunha Liai: — E por isso que o câmbio está a 8 ou a 9.

O Sr. Ministro das Finanças (Inocôucio Camacho):-—E continuará a baixar se essa casa continuar a cometer .o crime que está praticando. Mas eu já tomei as providências para evitar esse crime.

O Sr. Malheiro Reimão: —

O Sr. Ministro das Finanças (Inocêncio Camacho): Há, mas no Código Penal não está indicada a sanção.

O Orador: — Assim, Sr. Presidente, estes foram dois factos que me fizeram mover, mas outros há que eu me dispenso, porém de apresentar à consideração da Câmara, exactamente porque tenho de presumir que da parte dos Srs. Deputados há o conhecimento completo do assunto, para mão ter necessidade de trazer à discussão aspectos, dos quais podiam tirar-se ilações menos verdadeiras ou menos ra--zoáveis. (Apoiados).

Vivemos, Sr. Presidente, cm relação a fornecimentos., em Portugal, desde o começo da guerra, no regime interno do arranjos (Apoiados), numa engrenagem asfixiante de combinações obscuras. (Apoiados). E é indispensável que por parte do Governo e do Parlamento, numa colaboração estreita se isso for possível, se tomem as providências necessárias para varrermos essa atmosfera, fazendo luz em todos os contratos, e acautelando devidamente o Tesouro Público.