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iârio da Câmara do» Deputados

O programa ministerial tem, talvez, Oste merecimento: levantar estas quês toes. Não foi o Sr. Presidente do Ministério feliz nas expressões que escolheu para denunciar a orientação do Governo sobre esta importantíssima matéria. Creio que não ofenderei a justiça se disser que .esta declaração ministerial, em relação à pasta da instrução, não é unia cousa que esteja em harmonia com o nosso tempo; parece qiie foi feita, aqui há trinta anos, por um ilustre, ministro da instrução, que também foi uni poeta distinto, o é um dos nomes que pronunciamos com o maior respeito. Era também um grande literato; era também um grande escritor, também grande político; todos o conhecemos, foi o Visconde de Almeida Garrett. . . Mas, a essa hora, Garrett chegara do estrangeiro onde esteve homisiado, por questões políticas, e mostrava-se ao par de todas as ideas e conquistas do seu tempo.

Ao passo que, agora, o seu digno con-tinuador e emulo, por falta de observação e estudo, ainda, pela boca do Sr. Álvaro de Castro, nos vem falar dum «estatuto geral de ensino» ! ...

Pois eu convido o Governo a ler o livro de Garrett, porque lá se dão novidades, que iiào vêm na declaração ministerial. (Apoiados).

Tenho dito.

O Sr. Jorije Nunes: — Si1. Presidente: è'n estava ausente de Lisboa quando se constituiu este Ministério, mas tendo lido nos jornais a forma por que ele foi organizado, confesso que não tive só desalento, mas uma tristeza profunda, como português é como republicano. (Apoiados).

Não é, Sr. Presidente, porque eu veja no seu programa uma obra incaracterís-tica, como incaracterístico é esto Governo, não; é porque entendo que naqueles lugares é preciso ser coerente e não há coerência nenhuma nos homens que ali estuo. (Apoiados).

Se quisesse empregar uma frase pitoresca, diria que se não trata de itin Governo, mas de um galheteiro. (Riso), em que o azeite do Sr. Álvaro de Castro só mistura com o vinagre do Sr. Júlio Martins e que, por mais que se agite, nunca se combinarão.

Então neste momento pregunto a quem ocupa aqueles lugares, se estão realmente

no Poder os homens representando os princípios, de harmonia com as afirmações íeitas todos os dias na imprensa o no Parlamento.

O Sr. Afonso de Macedo: — Também V. Ex.!l já foi Ministro com o Sr. Júlio Martins.

O Orador:—Mas, quando o Sr. Júlio Martins foi meu colega no Ministério não. era o mesmo de hoje.

(J vSr. Afonso de Macedo: — O Sr. Júlio

Martins foi sempre o mesmo. (Apoiados no centro).

O Orador : — Estou na firme disposição de continuar o meu discurso, respondendo aos apartes, emquauto forem correctos e lógicos, mas, se não forem correctos, não consentirei a ninguém que me interrompa.

Sr. Presidente: O Sr. Álvaro de Castro, quando abandonou o Partido Democrático, reclamou-se de conservador, como a essência pura do conservnntísmo português. S. Ex.a. que é de um a incoerência contínua, é que está como político numa contradição permanente, no mesmo dia passou a declarar ao País que não era conservador, tendo-se já unia vez reclamado de conservador do Norte ao Sul. Porem, S. Ex.a, para ser coerente dentro da incoerência, no dia seguinte a alcunhar-se de conservador já rectificava as suas palavras no Parlamento podando, sendo conservador, aliar-se a. extremistas.

Apartes.

Não tenho receio dos radicalismbs dos extremistas, porquanto tenho sido mais radical que muitos extremistas que estão no Poder ê que de reaccionários têm dado exemplos a todas as horas.

Estou a recear dós extremistas do Ministério; não do seu radicalismo, inas do seu reaccioriárisnio.