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Seaêão de 23 de Novembro d* 1020,

l Então S. Ex.as não sabem que, ligando-se a extremistas, deixam de ser conserva dores V

•S. Ex/ls, não tendo maioria na Câmara, fatalmente não podiam manter as suas afirmações por mais de 24-horas e por isso hão-de desmontir-so a todo o momento.

S. Ex.as hão-de a estas horas estar ar. rcpendidos de terem entrado na aventura.

K com mágoa profunda quo eu vejo naquele Governo o Sr. JDoiningos Pereira, porque os laços de estima recíproca que nos ligam não se quebram facilmente.

Esse homem, por quem eu tenho uma consideração e um respeito sem limites, apreciando muito a sua ponderação, bom senso e tato político, se eu- pudesse — por minha honra o declaro — não o manteria no Governo nem cinco minutos.

Por inveja? Por vaidade V

Não; mas pelo conceito político em quo o tenho, que é nada, sendo muito, comparado com o conceito pessoal cm que perante mim está colocado.

Não quero com isto dizer que não sejam homens do bem os outros indivíduos quo compõem o Ministério; mas há homens dos quais o destino político me é absolutamente indiferente e outros há que, não sendo meus correligionários, são meus amigos pessoais e eu acompanho-os dia a dia na sua trajectória política.

Domingos Pereira, por uma errada visão política, não medindo o alcanço do seu acto e da sua atitude, acompanhou o Sr. Álvaro de Castro, e acompanhou-o para formar aquele Governo incaracte-rístico, que não sabemos se é extremista du conservador.

Temos de estabelecer um dilema, Sr. Presidente.

Ou o vSr. Álvaro de Castro contava com alguma cousa superior ao Poder Legislativo ou então não teria entrado nesta aventura.

Generosos somos nós ein conservarmos este Governo de pé nesta altura da sessão, quando nos sobejam razoes para o derrubarmos, pelo perigo quo Cio representa.

O Sr. Afonso de Macedo (interrompendo) : —Bem perigoso foi para a República o-;") de Dezembro, o eu nunca vi Y. Ex.a tara receoso drsse perigo como agora.

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O Orador: — O 5 de Dezembro faz-me lembrar o papão que alguns republicanos invocam sempre que querem tocar no republicanismo dos outros.

Mas eu pregunto se no Governo não há nenhum dezembrista.

Trocam-se apartes.

O Orador: — Sr. Presidente: eu não fui ainda revolucionário, mas desde quo mo conheço, pela palavra ou pela pena, eu tenho sempre feito as mais veementes demonstrações o afirmações de fé republicana, o não consinto por isso que alguns, pelo facto de terem pegado numa espingarda' ou numa bomba, aleguem que só eles são republicanos.

No emtanto, o facto do ter sido monárquico, de tor servido o dezembrismo, não é para mim mancha alguma, como não é a escopeta que redime esses homens, mas sim os seus actos e as suas virtudes. (Apoiados).

Eu, que sou dos primeiros da Câmara, porque desdp que há Câmaras republicanas aqui ocupo um lugar, tive ocasião de ver quem se senta numa daquelas cadeiras fazia parte da maioria do Sr. Sidó-nio Pais.

Bateu-se — dizem — - defendendo a República. Muito bem, o presto-lhe por isso a minha homenagem, ^uas não foi esse facto que o redimiu.

Trocam-se vários apartes.

Sussuro.

O Orador: — Até agradeço estes protestos, porque basta considerar que é um partido inteiro, com marechais e soldados, contra mim, para que me dêem descanso, para prosseguir.