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Diário da Câmara, dos Deputados

O Sr. Afonso de Macedo:—Sr. Presidente : não tinha idea absolutamente nenhuma de entrar no debato político quo está travado nesta Câmara em virtude da apresentação 4o Governo. O Sr. Jorge Nunes fez o favor de me levar a inscrever-me no debate, visto que ai g1 um a cousa disse que me impõe o dever de sacudir energicamente.

É o que vou fazer com aquela energia que eu sei pôr sempre nos momentos em que a República periga, e com aquela pouca energia que o Sr. Jorge Nunes sabe ter em certos momentos. .

Apoiados prolongados.

O Sr. Jorge Nunes disse que o Sr. Cunha Leal foi uma das criaturas sidouistas.

; Isso é absolutamente inexacto! (Apoiados}.

Aparte do Sr. Jorge Nunes.

O Orador (continuando}:—O Sr. Jorge Nunes disse que o Sr. Cunha Leal tinha estado dentro da maioria na Câmara si-doiiista.

E contra isto que eu protesto energicamente. (Apoiados).

O Sr. Cunha Leal esteve na Câmara sidonista pugnando sempre por aqueles que estavam nos cárceres do dezeuibris-mo. O Sr. Cunha Leal era a alma de republicano que defendia na Câmara todos os republicanos sinceros. Nessa, hora o Sr. Jorge Nunes não aparecia a defendê-los.

Isto revolta profundamente.

O Sr. Jorge Nunes (interrompendo): — £ V. I3x.a dá-me licença para lôr à Câmara um trecho do discurso do actual Ministro das Finanças na Câmara sidonista?

O Sr. .Deputado lê um trecho onde se elogia o Presidente Sidónio Pais.

De modo que o actual Ministro das Finanças, nesse momento, já combatia, não o Sr. Sidónio Pais, mas o resnl ante da sua obra. E agora pregunío a V. Ex.a se anteriormente a esta data havia minoria e se não havia uma Câmara organizada no Governo Civil.

O Orador: — Eu quero lembrar apenas o seguinte:

Na revolução de 5 de Dezembro, o capitão Cunha Leal; o grande republicano Cunha Leal, batia^se em França, contra a vonta.de de vários grupos políticos da

nossa terra, para salvar a honra da Pá tria e engrandecer a República.

O Sr. País Rovisco (em àpqrte): — Em-quanto O Sr. Jorge Nunes assinava aquela circular que nós conhecemos.

O Orador: — Creia V. Ex.:l que me admirou profundamente, que o Sr. Jorge Nunes trouxesse a esta Câmara qualquer cousa que se relacione com o dezuinbris-mo. S. Ex.a esqueceu-se das cousas principais; esqueceu se de que o dezenibrismò nasceu absolutamente de uma propaganda, a que foi estranho o Partido Popular, então Partido Evolucionista, e o Partido Democrático, porque nessa altura entravam para os quartéis papelinhos dizendo aos soldados que não fossem para o Matadouro, emquanto nós fazíamos a propaganda da guerra, para salvar a Pátria.

Essa revolução, gerou-se em antros de podridão e de ignomínia, e não posso admitir que depois do uma tirania destas, aparecesse um manifesto para a história do grande morto, pe'dindo dinheiro para Uma estátua, assinado polo Sr. Jorge Nunes.

Pois é esta individualidade que se levanta agora, para declarar quo o grande republicano Cunha Leal, é sidonista.

Sr. Presidente: antes de se proferirem certas palavras, era m.ujto preferível que se medissem.

O Sr. Jorge Nunes, por quçnn tenho pessoalmente a mais alta consideração, começou por dizer que estava fora de Lisboa, e que, quando teve conhecimento, de qu

S. Ex.a veio dizer-nos com aqu.ele ar gracil o risonho, que todos lh.P conhecemos, o seguinte: «Ao ter conhecimento da constituição do actual Governo, como republicano, enchi-me de tristeza».

Acredito Sr. Presidente!

S. Ex.a encheu-se de tristeza por ... por ver o Sr. Álvaro de Castro na presidência do Ministério. Encheu-se de tristeza por ver o Sr. Cunha Leal na pasta das Finanças.