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de 24 e 2õ de Novembro de 1920

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Digo isto aqui dentro desta Câmara com a mesma sinceridade com que o faria lá fora. Parece que já se esqueceram dessa lição de Monsanto, esqueceram-se da lição do Norte, esqueceram-se da lição do Dezembrismo.

Sr. Presidente : esqueceu-se tudo isso, quando tanta gente sofreu, quando tanto humilde padeceu; são êssfs, os desconhe eidos que não se sabe donde vêm, os que mais sofrem.

Sr. Presidente: quando foi dó ministério António Maria da Silva, o meu ilustre chefe disse a V. Ex.a que encontraria no nosso grupo incondicional apoio.

É porque nós, populares, sentimos palpitar bem alta a figura e a imagem da República, que é grande demais para as ambições dos homens.

Demos o nosso apoio ao Governo d<_. que='que' no='no' silva='silva' do='do' ainda='ainda' apoio='apoio' se='se' arrependidos='arrependidos' ministério='ministério' continuaríamos='continuaríamos' portanto='portanto' não='não' maria='maria' apoiá-lo='apoiá-lo' dispensámos.='dispensámos.' a='a' e='e' incondicionalmente.='incondicionalmente.' estivesse='estivesse' lhe='lhe' poder='poder' antónio='antónio' sr.='sr.' esse='esse' p='p' hoje='hoje' estamos='estamos' da='da'>

Esse Governo caiu perante a sentença de morte duma moção de desconfiança saída das mãos do meu querido amigo, que também imensamente prezo, Sr. António Granjo.

Toda a gente esperava que viesse qualquer Governo que pudesse salvar o País naquela hora grave.

Nós, populares, assistimos, como toda a Câmara, aos actos do Gabinete António Graujo e reconhecemos o erro deste homem público deitando abaixo o ministério António Maria da Silva.

Caiu o Governo António Granjo e o Partido Republicano Popular, reconhecendo a hora grave que o País atravessava, foi de opinião que não devia opor-se à organização dum Ministério a que presidisse um marechal republicano.

Foi nessa altura que o Sr. Álvaro de Castro foi chamado.

O Partido Republicano Popular tom pelo Sr. Álvaro de Castro, como pelo Sr. António Granjo, como pelo Sr. An tónio Maria da Silva, a consideração do republicanos que merecem, mas este Partido, alheio a todas as lutas partidárias, quando da Presidência da República lhe indicaram o nome de quom chefiava o Ministério, tinha de reconhecer que o Sr» Mvaro de Castro era usina figura suficien-

temente preponderante da vida pública para salvar a República.

Mas o que vi eu depois?

Como é triste recordá-lo!

O Partido Republicano Português estava disposto a colaborar num Governo a que presidisse o Sr. Brito Camacho, mas nilo queria colaborar num Governo presidido pelo Sr. Álvaro de Castro.

Tenho a maior consideração pela figura do Sr. Brito Camacho, como velho republicano e um dos melhores jornalistas que contribuíram para o triunfo republicano, mas tenho também, uma alta admiração pela figura do Sr. Álvaro de Castro, que tem em todos os transes difíceis da República, cm todas as horas amargas, comparecido no seu posto de honra (Apoiados).

Mas como se compreende isto?

Se uma e outra figura são enormes, se o Sr. Álvaro de Castro tem um prestígio enorme e o Sr. Brito Camacho igualmente tem um enorme prestígio, como se compreende que haja um Partido que diga não poder aceitar o Governo daquele que esteve om Santarém defendendo a República, mas pode aceitar o Governo do que esteve em Lisboa?

Eu não tenho já ilusões acerca da política portuguesa, feita de interesses partidários.

Sr. Presidente: o nome do Sr. Álvaro de Castro caiu bem na opinião republicana, porque S. Ex.a aparece sempre nos momentos graves para a Republica, seja nas barricadas, seja contra uma ditadura.

O que se reconheceu ó mais vez uma manifestação de ódios de políticos, ódios que já me fizeram ir parar à cadeia.

A política de ódios nunca pode fazer bem ao regime nem prestigiar a República.

O que há é apenas uma questão de interesses partidários, querendo ver em terra ôste Governo, com a mesma facilidade com que caiu o Governo do Sr. António Maria da Silva, tendo por coveiro mor o Sr. António Granjo.

Não tenho ilusões acerca da política portuguesa, porque não julgo pelo que me dizem, mas pelo que me diz a minha consciência, apesar de tacanha que ela seja.