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lavra em qualquer parte; em caso contrário não teria dúvida em apresentar eu próprio a moção de desconfiança ao Governo.

S. Ex.!l não tem o direito de dissolver reuniões de protesto, ainda que essas reuniões de protesto fossem contra o próprio Governo, quanto mais sendo para protestar contra a Câmara Municipal por permitir o aumento de tarifas à Companhia Carris.

Precisava que S. Ex.a respondesse a estes assuntos a fim de eu poder ficar so-cegado ou ter de seguir o caminho que já expus, isto é, apresentar uma moção de desconfiança ao Governo.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. João Camoesas: — Sr. Presidente: tudo quanto ouvi, tudo quanto se tem feito, principalmente no decorrer, desta última sessão, me confirma e me radica na convicção de "que as minhas palavras foram justas, os meus juízos inteligentes e patrióticos. Mais

Não tenho, Sr. Presidente, duas maneiras de ser republicano, só tenho uma, e dentro dessa maneira não cabe a compreensão deste estranho processo de converter a fisiologia normal do Parlamento de tal sorte que ali nos aparece um Governo que não realiza a condição elementar e fundamental de uma estável maioria dentro desta casa. (Apoiados).

Precisamos do um Governo que colabore com o Parlamento, que se entenda com ele e que nos não aparoça em guerra aborta, trazendo-nos o problema de uma forma imperiosa na hora em que os factos gritem de tal maneira a necessidade de uma solução que nós .outros, prejudicando o normal funcionamento da instituição, dispensando o parecer das nossas Comissões, tenhamos de fazer, como ]á fizemos hoje, obra apressada e imperfeita, sempre sob a palavra insinuadora e semi-irónica do Sr. Ministro das Finanças, gritando—«j Pense a Câmara! ; Pense a Câmara!» — como se fosse a própria voz do destino a coarctar-nos a serenidade indispensável para produzirmos o alto trabalho que a Ilação de nós exige.

Diário da Gamara do» t)eptttado*

Nada mais preciso acrescentar, nesta hora adiantada da noite, para justificar a moção que vou mandar para a Mesa. De toda a minha vida de republicano, eu posso dizer a V. Ex.a, como se o dissesse ao país: este documento ó um dos que mais me honram.

O orador não reviu.

Foi Lida e admitida a moção, do teor seguinte:

A Câmara dos Deputados, reconhecendo que ©'Ministério, tal como está organizado, não satisfaz às indispensáveis condições de existência constitucional e parlamentar, passa à ordem, do dia.

Sala das sessões, em 24 de Novembro de 1920. —O Deputado, João Camoesas.

O Sr. Orlando Marcai: — Sr. Presidente : até que ernfim, com justificada surpresa e assombro .de todos nós, essa onda pútrida, essa alcateia ululante de ambições e de vaidades (apoiados) produziu a moção mais monstruosa que porventura até hoje coucobeu o cérebro humano. (Apoiados). Não há nossa aludida moção qualquer scentolha de respeito, nem poios conhecimentos, nem pelo pudor, nem pela inteligência dos presentes, nem, sobretudo, o que é mais criticável e mais grave, pela figura prestigiosa do venerando Chefe do Estado. (Apoiados}.

Não me admirou em demasia, porque, partindo daquele Deputado que tanta vaidade acumula, mas que tam profundo desconhecimento demonstra dos princípios basilares do direito público do meu país, só uma moção desta natureza, insignificante, incongruente e cabalística, poderia ter surgido. (Apoiados).

O Sr. João Camoesas, que pode perceber alguma cousa de medicina, o que não afirmo, exprimiu duma maneira formidável e eloquente que jamais se dispôs a ler a Constituição Política da República Portuguesa.

j Ousadamente disse que o Governo que nobre, honrada e legitimamente se -senta naquelas cadeiras, presidido pela relevante figura republicana que é Álvaro de Castro, é anti-constitucional!