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Diário da Camará t?cg Deputado»

Eu, que sou essencialmente patriota, amante devotado do berço onde nasci, não posso deixar de evidenciar a minha profunda tristeza por tudo a quanto assisto, e daí o ineu veemente protesto.

Temos ainda o povo, essa camada anónima e confiada sempre nos destinos da Eepública, que se bate heroicamente por ela quando sente em perigo a sua intan-gibilidade, que irá pedir estreitas contas aos causadores deste constante desassossego e que nunca influiu para o advento das tiranias, como a de 5.de Dezembro, a mais pérfida e aviltante, que foi somente devida aos erros dos homons e à divisão e enfraquecimento das hostes republicanas.

Mas o povo está muito longe daqui e aos seus ouvidos só chegarão os últimos ecos das palavras da verdade, adulteradas pelos que têm iuterêsse em enganá-lo. Não tem ele a culpa destas cabalas-funestas, e por isso, nesta hora em que o ré j memoro no seu sacrifício e no seu esforço, lhe presto a homenagem do meu j saudar e da minha carinhosa veneração.

Porém, Sr. Presidente, continuando na análise da infeliz moção e das expressões verbais que a precederam, com intuitos de malquistar o Governo com a opinião pública, direi que o Sr. João Camoesas se atreveu a depreciar a obra litt-rária do notável escritor e. ilustre Ministro da Instrução, sr. Dr. Júlio • Dantas, quando é certo. . .

O Sr. Presidente:—Peço a V. Ex.a para se dirigir à Presidência.

O Orador:—Jamais esqueci ou me afastei dos meus deveres e assim me estou dirigindo a V. Ex.a, em conformidade com as disposições do Eegimento; mas o que não posso ó fazer o relato de factos, estabelecer controvérsia, criticar certos gestos políticos ou repelir ousadias incomportáveis, sem referir directamente determinadas pessoas.

Ora ia dizendo que o Sr. João Camoesas, ao aludir à produção intelectual do consagrado artista Sr. Dr. Júlio Dantas, que é sem favor uni dos mestres mais respeitados das letras portuguesas, ô fez por uma forma imperdoável.

Mas competência para por esse caminho enveredar não tem o Sr. João Camoesas. sem outra bagagem literária além dum mísero e mesquinho livreco de sonetos, por tal sinal tam ínfimo que até a própria gramática periga, correndo parelhas com a sua insignificante mentalidade.

Ainda não há muito aqui ouvimos a apreciação serena, correcta e alevantada do sr. Dr. Alvos dos Santos, cuja inteligência não pode sofrer comparações com a do citado deputado, porquanto já como catedrático distinto, parlamentar experimentado, investigador erudito, com conhecimentos especiais Ê e engrandeceu sobremaneira e de que é prova o apreço em que é tido nos meios universitários, e que representou o mais formal e rasgado reconhecimento do alto valor intelectual do ilustre Ministro da Instrução.

Sem se poder considerar unia lisonja ou afectação de monVeuto, sem conttimélias ou favoritismos, mas por um impulso de sinceridade e por manifesta expressão de justiça, o Sr. Dr. Alves dos'Santos apontou o Sr. Dr. Júlio Dantas como uma das mais formosas mentalidades da literatura portuguesa.

E não é sómento entre nós que esta impressão corre por todos os espíritos que sabem compreender as brilhantes manifestações da arte; é lá fora, no estrangeiro, onde o seu nónio literário só consagrou por tal forma que anda no carinho entusiástico não só dos amantes das belas letras, mas sobretudo na admiração dos escritores que aos seus países dão horas de desvanecimento e de glória. (Apoiados).