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esse conflito, deve-se organizar um Ministério passando sobre a maioria. /

Se porventura p Ministério Álvaro de Castro tiver a vida de dois, três ou quatro dias apenas, uma vantagem, em todo o caso, terá vindo para o país: a afirmação feita por este Parlamento de que não quere viver com princípios nem coril ideas. (Apoiados).

Eu fui daqueles que dentro do Partido a que pertencia, em 1913, entenderam que era indispensável darmos nós — os unio-nistas — apoio ao Governo do Sr. Afonso Costa, para que esse Govôrno tivesse maioria.

Demos-lhe esse apoio com uma- dedicação a que sempre o Sr. Afonso Costa se referiu, mesmo quando nós o combatíamos com excessiva violência.

Sr. Presidente, eu estou costumado a compreender que a vida parlamentar é para produzir obra legislativa e não para fazer subir ou descer governos.

çPara onde vamos nós, republicanos, se só pelo número de que podemos dispor nas Câmaras, por combinações fortuitas, somos capazes de permanecer nos governos ?

Jamais, ocupando o lugar de oposição naquele lado da Câmara, transigi com aqueles dos meus amigos que diziam que não devia colaborar na obra dos governos contrários.

Colaborei sempre, porque entendo que esse era o meu dever. Jamais dei a minha confiança ilimitada a quem quer que-fosse.

O papel simpático é aquele que leva os homens a colocarem-se em oposição, mas chegou a hora de se pore.m do parte essas pequenas vaidades; é preciso que não nos esqueçamos de que cada hora que passa representa um aumento de déficit sem compensação em receita.

Disse há pouco um Sr. Deputado, refo-rindo-se ao erro que se cometeu-de não se criar receita, que ninguém julgava que o Tesouro chegasse a esta trágica situação. A verdade é que não se atendou à necessidade que havia de não se permitir que o Tesouro Público chegasse à tristíssima situação em que se encontra.

Fui eu um dos que mais reclamaram que se criassem impostos.

Um ponto de visla errado permitiu que imaginássemos que era possível tirar dum

Diário da Câmara dos Deputados

orçamento, obter num exercício, aquilo q no só cinco ou seis exercícios podiam ter dado.

E preciso que vejamos que a matéria tributável de cinco anos económicos passados, desapareceu. O que foi lucro está encorporado ao capital.

Hoje não temos matéria tributável senão pequena.

Sr. Presidente, voto a proposta que se apresentou, porque representa de certa forma uma elasticidade dada ao mecanismo comercial e industrial do país.

No momento que passa não quero pre-guntar ao Sr. Álvaro de Castro e ao Sr. Cunha Liai como é que puderam dar-se as mãos, sendo um radicalíssimo, sendo o 01 tro conservador. Tais divisões são imcomproensíveis nesta hora da vida social e política da liiuropa.

Não nos podemos prender com essas fórmulas. Os homens para governar só necessitam de ter ideas e competência para as executar. (Apoiados).

ji, isso o preciso.

Governar neste momento exige muita capacidade e muita coragem, pois a hora que passa é muito excepcional.

E precisa aquela coragem de que nos deu provas o Sr. António Granjo. Deixe--me S. Ex.a que lhe preste esta justiça. .Coragem para dizer à onda anárquica que só levantava, que encontrava resistência no seu pulso forte. Coragem para dizer que havia de manter a ordem custasse o que custasse, mas que seria incapaz de sair fora da lt'i. E esta a afirmação que efectivamente devem fazer os homens de governo.

E preciso manter a ordem, mas com a autoridade de quem sabe respeitar a lei.

Sr. Presidente; o Ministério pode estar de oratório. Já o sabiumos porque a nossa vida política passa menos nos debates parlamentares e nas pugnas da imprensa, do que nos conluios de bastidores.

Já sabíamos, pela intriga política, que se preparava sucessão ao actual Ministério.

Disse ontem ao meu amigo Álvaro de Castro quo bem fizera aceitar o Governo porque," pelo menos, tinha feito uma experiência quanto á incompatibilidade do Poder Executivo com o Poder Legislativo.