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Sessão áe 24 e 25 de Novembro de 1920

um Governo que já não a terá, mas julgo que o meu conselho poderá servir aos novos para que não sigam o caminho que os velhos republicanos têm seguido, pois ele é contra o prestígio da República.

Temos de mudar de rumo.

Quere-se condenar o Governo sem ter um acto seu para julgar. Nós só sabemos do Governo o que nos 'diz a nossa consciência, e o acto da Câmara pode ser explorado por alguém.

E é neste momento que se vem dizer ao Governo que não tem competência e que a sua constituição não obedece a pretendidas indicações constitucionais.

Mau caminho este que seguimos, pretendendo estabelecer o regime club>sta, e digo mau caminho porque ele outra cousa não constitui senão um mau exemplo, incitando as camadas rudes e ignorantes ao complot e à desordem. É preciso, é absolutamente preciso, mudarmos de processos pura que amanhã, numa consulta eleitoral, os eleitores nos não possam banir como nós banimos os Governos.

Os Parlamentos são uma delegação dos países que os elegem, mas resta saber se eles em determinada altura correspondem efectivamente à vontade nacional. Disse bem o Sr. António Granjo quando afirmou que este Parlamento já não exprimia a vontade do País e que era necessário fazer uma consulta à Nação para que esta marcasse nitidamente o carácter pó-, lítico da maioria parlamentar. Mas, no actual momento político, grave e difícil problema é esse.

£ Realmente, como pode o Chefe do Estado usar da faculdade que lhe confere a Constituição de dissolver o Parlamento? l,A quem confiar o encargo de governar durante os quarenta dias de interregno parlamentar? Não sei; o que sei é que em Portugal toda a questão política gira em torno da dissolução parlamentar.

Afirmou-se que este Governo pretendia alcançar em seu favor a dissolução. Tal afirmação já foi completamento desmentida. Ò Governo não reconhece ser ôste o momento oportuno para o fazer, porque se o reconhecesse — dochirou-o bem claramente o Hr. Presidente do Ministério — tê-lo ia feito desassnmbrndarneníe...

Eu não digo ao Sr. Presidente do Mi-íiÍMírrio (|ii« enverede por esse caminho,

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verá, porque as ambições políticas deste País são de tal forma violentas, os ódios são tamanhos, ,que. eu creio que os adversários do Sr. Álvaro de Castro não deixarão, apesar de tudo, de continuar a considerar o acto do Sr. Presidente da República como inconstitucional, e então, levantando o grito da obrigação de defender a Constituição sempre, irão à praça pública convidar os cidadãos armados a tomar parto na batalha que há-de decidir pela sorte das armas o jOgo de dados da política. (Apoiados).

Os republicanos andaram a pregar durante muito tempo que o regime que queriam estabelecer era um regime de liberdade eleitoral. Os factos, porém, mais tarde provaram o contrário, porque foi necessário primeiramente fazer a educação deste povo, dando-lhe uma noção cívica, que, aliás, ele ainda não tem hoje. Não se enveredou pela luta de princípios, pela difusão de ideas, que só os países de alta cultura podem ter; infelizmente não podemos ainda dar essa felicidade ao povo português, mas esse dia tem de chegar. Ou nós estabelecemos esses princípios, ou afundamos a República para sempre. . Apoiados).

O Governo pode cair, mas ele tem prestado um grande serviço à República; terá provado ao País que ainda é possível reunir homens em pouco tempo, sem que as disputas de interesses levem largo tempo a fazer-se. Ainda é possível reunir homens, e homens de boa vontade, porque ela ó precisa para que alguém neste momento queira ir ao Poder, visto que já se sabe de ^antemão a sorte que o espera, e o Sr. Álvaro de Castro, inteligente como é, não podia ter dúvidas da sorte que o esperava'.

Porventura S. Ex.a confiava em que o espírito republicano de todos os partidos que militam nesta Câmara se viria-a modificar um pouco nesta luta de rancores em que temos vivido, para permitir ao menos este ensaio da vida governativa. Vimos que não, mas verificamos que ó possível dar ao aglomerado das iôrças que vai agora ao Poder aquela coesão que nunca te.ve.. (A/ioimlus).