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tivesse realmente acontecido, esse povo republicano, que acima de ambições e de camarilbas vê qualquer cousa de superior, teria repelido energicamente a atitude pouco patriótica corno se portaram ^os políticos desta terra 'na sessão de ontem. {Muitos apoiados}.

Efectivamente se eu não tivesse privado durante meses, durante anos até, com muitos dos homens que eu ontem aqui ouvi falar, e nào soubesse, pela exporiên-cia que os anos ministram, quanto as paixões políticas conduzem ao exagero, eu diria que os homens que ontem-usaram da palavra não eram republicanos, mas anti-republicanos. (A/jo'adus).

Pois quê V ^ Nós quo assistimos aos últimos momentos da monarquia e que sabemos que foi exactamente o desentendimento entre os seus políticos quo mais precipitou, a sua queda; nós numa ocasião em que as condições do País são precárias, quási desesperadas, não sabemos ter o patriotismo necessário para refrear as nossas paixões? Custa a crer que assim suceda, mas é uma triste realidade.

A forma alevantada e patriótica como ontem o Sr. Ministro das Finanças pôs o monumental assunto que foi debatido bem merece ficar registada nos anais flêsto Parlamento. Sc ainda houvesse o patriotismo que devia existir, ninguém, absolutamente ninguém, hesitaria um momento em dar a sua anuência plena às considerações feitas por S. Ex.a.

Mas, Sr. Pesidente, se nós dum lado notamos a existência dessa força vital, desses elementos de energia, a que já me reportei, do outro lado, em contraste absoluto, nós notamos apenas a aparição uma vez mais das paixões descomedidas, das ambições que não têm freio.

Sr. Presidente: desde 1910 que existe o regime republicano em Portugal, e não podemos de maneira nenhuma dizer que a jornada da República tenha sido isenta de escolhos. Bem pelo contrário, qnási podemos afirmar que todos os meses o regime republicano tem encontrado deante de si obstáculos dos mais terríveis; e no emtanto, sempre que têm partido dos adversários do regime esses golpes quo lhe têm procurado vibrar, a República consegue inutilizá-los e sair vitoriosa. A razão disto está no facto de que o redime republicano se enraizou completamento na l

Diário da Câmara dos Deputados

alma nacional, e por uma tal forma que não ó hoje fácil nem possível aos seus inimigos derrubá-lo.

Estou absolutamente convencido, e com mágoa o digo, que outro tanto não sucederá amanhã se os homens que servem ou que fingem servir o regime republicano não só resolverem a arrepiar caminho, ; S ao eles, consciente ou inconscientemente, os peores adversários da República! (Apoiados).

Pois quê?!. . . Vimos nós desde há anos ouvindo aqui e acolá, na imprensa e no Parlamento por vozes, a afirmação do que pre.visamos entrar por um caminho que represente absolutamente vida, nova; vimos nós continuamente apregoando isenção; vimos nós continuamente fazendo saber ao país que as circunstâncias t-m que nos encontramos são más, mas que os homer-s da República vão saber sacrificar-se em homenagem ao seu ideal — e nunca pa>samos de platonismo*, visto que quando somos chamados í» efectivuc.no das nossas afirmações nunca mantemos aquilo que tínhamos prometido. ;E tri&te, mas é verdadeiro!

Sr. Presidente: quando a República Portuguesa só encontrei a braços com as circunstancias mais difíceis, e com uma crise das mais pavorosas, só uma cousa me parece que impende aos homens que defendem o regime: o seu entendimento a bem das instituições republicanas. (Apoiados). As retaliações, os ódios devem ser postos de parte, e isto única e exclusivamente em homenagem aos ideais que dizem professar.

Mas se alguém aparece que procura pôr em prática esses sãos princípios de defesa elementar do regime, esse alguém encontra por parte dos próprios republicanos, como se monárquicos fossem, as maiores dificuldades. (Apo/ados).

Era difícil, o tanto assim que ia sosso-brar perante os obstáculos.

Nesta conjuntura, a que venho aludindo, organizou-se o gabinete que ora só assenta na cadeiras do Poder.