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tiessào de 24 e 2& de Novembro de Í920

rídica, a primeira obrigação que nos cumpria satisfazer era a leitura atenta do artigo 1." do Código Civil; pois o Sr. João Camoesas, ao penetrar neste Parlamento, há uns poucos de anos, não se dignou sequer, por pudor mental como Deputado, por dever de consciência como cidadão, folhear ao de leve a Constituirão Política da República Portuguesa.

j Mas... do" entrecho miserando das paixões e dos ódios irreprimíveis surgiu esse farrapo monstruoso. .. e assim estão satisfeitas vaidades e ambições!

O Sr. João Canioesas, dispondo-se a apresentar essa moção inclassificável, nada mais fez do que o seu tirocínio para sobraçar qualquer pasta.

Vozes:—Vai ser Presidente do Ministério. (Risos}.

O Orador:—O mencionado parlamentar arriscou-se a proferir que o actual Governo foi organizado em disformidade ou discrepância com as normas constitucionais. Mas porquê?

E facílimo afirmá-lo, porém o que ó impossível ó provar, tanto mais que lhe não reconheço capacidade sequer para o intento de revestir o desacerto com argumentos que respeito possam merecer sob o ponto de vista intelectual.

ó Porque se não obedeceu à praxe constitucional? Aguardaremos que nitidamente só demonstre, pois não consentiremos que de ânimo leve, impulsivamente, sem decoro pelo lugar que ocupa, alguém se lembre de tripudiar com a tolerância e preten' da, por meio de jogos malabares atingir especulativos fins políticos. (Apoiados).

£ Então não é ao venerando Chefe do Estado, pela letra clara e iniludível da Constituição, que compete, por um direito indiscutível que. o País lhe outorgou por meio dos seus legítimos representantes, nomear e demitir livremente os seus ministros?

;3E não foi o supremo magistrado da Xação, num assomo de independO-ncia, num gesto carinhoso de amor patriótico, que organizou o actual Governo, para o qual e>tão voltadas todas as esperanças duma hora de ressurgimento nacional? (J/tt'Vo« apoiados}.

,? Porquê, portanto, »e combate dum mouo iam insólito s, presente situ.irsiu iro-

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vernativa ?

Argumentam que não está escudado em maioria parlamentar par-i viver desafogadamente. Se é lícito ir buscar ao passado e além fronteiras tudo quanto seja de utilidade para os convencer do erro tremendo que tanto se empenham ein praticar, lembrar lhes hei que Cle-menceau, essa grandiosa relíquia da política universal, não trepidou um momento em assumir as responsabilidades do Poder, apesar de não possuir maioria nu, assernblea legislativa, e ele governou sem atritos, nem dificuldades.

Ah! Sr. Presidente e Srs. Deputados, como é doloroso confessá-lo, emquanto o espirito gaulOs, mais reflexivo e previdente, ainda que não mais sentimental, pois provimos da mesma nica e por consequência temos as mesmas afinidades, demonstra sempre em todas as suas ca-cacterísticas ser mais patriótico, mais en-tranhadamente amante do seu torrão e quiçá defensor mais estrénuo dos destinos do sen País, nós cstaino-nos degladiando ferozmente, desenrolando um tristíssimo espectáculo, afrontoso e atentatório para o bem-estar da nacionalidade. (Apoiados).

Emquanto nessa terra gloriosa, berço da liberdade, luz espiritual do mundo inteiro, todos os seus filhos conjugam esforços, desinteressadamento, para redimir a sua Pátria em perigo, palpitantes de entusiasmo, iluminados no mesmo sonho, neste pequenino c desgraçado País só cresce e frutifica a política mesquinha e rasteira que porfia oin perder-nos se não se arrepiar caminho. (Apoiados).