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Sessão de 24 e 25 de Novembro de 1920

afirmativa impertinente de que o laureado prosador, o eminente poeta, não tem a categoria mental exigida para poder sobraçar a pasta da Instrução V

Tem-na e em demasia, ocupa o seu lugar com toda a vantagem, emquanto o Sr. João Camoesas há-de ficar eternamente manietado, para tristeza sua e vingança. . .

rlrocam-se apartes, grande sussurro.

Vozes: — Ordem ! Ordem !

O Sr. Presidente agita a campainha.

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O Orador:—Não me intimidam e muito menos me perturbam os inflamados protestos dos que, tendo saboreado as investidas iconoclastas a homens que pelos seus talentos e virtudes exigem o maior respeito (apoiados), se recusam a admitir es es transportes de verdade que brotam límpidos de meus lábios, porque sinceros me nasceram no coração, ainda que sejam proferidas com arrebatamento que ó o produto natural da minha organização mora. (Apoiados).

Tenho direitos incontestados a ser ouvido neste ambiente, embora o meu ataque seja incisivo para os que abriram o precedente, porquanto muito me orgulho pelo que algo de proveitoso tenha feito em prol do bom nome o do prestígio parlamentares (apoiados), acrescendo ainda a circunstância de, como leader dum Partido .que está representado no Governo por duas das figuras do maior relevo intelectual e moral da política portuguesa, me ser lícito dofender esse mesmo Govêr-no das arremetidas ou dificuldades que pretendam criar-lhe.

Podem surgir as maiores tempestades, que não modificam o meu modo de proceder e mo não obrigam a tergiversar do caminho do dever, e não conseguirão amortecer as minhas expressões.

Sr. Presidente: à face do estatuído na Constituição, como já disse, o Governo que ora se apresenta e que havemos de defender e acarinhar através de tudo foi organizado como era necessário para bem da República.

Mas no quo respeita a não ter maioria parlamentar, em conformidade com a última parto da moção em análise, igual-mcnto a considero ilógica e ininteligente nesta monaoníQ,,

^ Como se pode ousar em fazer semelhante afirmativa se essa maioria ainda se não manifestou contra, e antes, na votação já realizada acerca da proposta de lei do ilustre Ministro das Finanças, não houve discrepância do votos V

Demais, o resultado desse debate foi dos mais eloquentes para a vida do Governo, porquanto tratando-sc duma medida da máxima importância, largamente discutida, vivamente atacada pela extrema esquerda da Câmara, esta mesma reconheceu por fim a virtualidade dos seus fundamentos e ponderações que foi impelida a dar-lho os seus votos !

E até, como consequência, nesse momento considerou o Ministério constitu-eionalmente organizado, pois se assim não fosse não se admitia por princípio algum que lhe aprovassem qualquer diploma. (Apoiados).

Nem lógica, nem inteligência, nem patriotismo posso atestar íios que pretendem derrubar o Governo, nem tomo na devida conta de respeito a moção que nos veio lançar neste embate de energias que devem ser melhor aproveitadas.

Há porém uma única verdade em tudo o que se está desenrolando e essa deve-se proclamar altivamente em «todos os campos : é que o atual Governo não sorve os caprichos e os interesses'dos políticos que se infiltraram neste métier para inconfes-sados propósitos ; não obedece aos impulsos ou exigências dos egoísmos que sempre despontam quando as vaidades são naturalmente amesquinhadas e as ambições reduzidas à sua miséria. . .

Cruzam-se apartes, sussurro.

O Sr. Presidente agita a campainha.

O Orador:—Apesar deste tumultuar intempestivo de paixões, não se apagará da minha voz aquela víbratilídade que a minha energia sempre lhe empresta quando se trata de proclamar a verdade, e sobretudo quando me convenço de que estou defendendo os interesses sagrados do País.