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Diário da Câmara dos Deputados

dois meses e meio gozaria o dinheiro sem juros. Depois comprava libras nu praça e conseqúentemeute eram vendidas ao Estado, libras que poderiam ser compradas em Portugal.

Não desconheço que um tal mecanismo era possível, mas declaro que nas condições que eu pus, procuraria evitar que se efectuasse uma tal especulação.

Pregunta-se: ^Qual foi o quantitativo duma tal especulação se é que ek, existiu?

Alguém diz que não se compreende como de repente, após um ano, as remessas que andavam por 1.500:000 libras, subiram a quatro milhões. Quando muito poderiam ascender a dois milhões de libras.

Dizem: foi um falso giro do Brasil para x Londres e de Londres para Portugal. Aparto o exagero que se me afigura haver nesses cálculos que dão os quatro milhões de libras, cumpre-me dizer que o câmbio fio Brasil melhorou muito no primeiro ano do contrato. Foi assim que se tornou possível comprar com o mesmo quantitativo, em réis brasileiros, mais libras do que anteriormente se poderiam obter. Kis o que se pode ter como uma primeira razão do aumento de ren:essas. Uma segunda razão pode ser o facto de a agência estar funcionando anteriormente ao contrato, num meio restrito e sem propaganda. Entregue a agência a uma entidade que agia numa larga actividade de propaganda ppr anúncios e por serviços das suas sucursais, é de presumir que se encontrasse na facilidade de conseguir mais desenvolvimento e conse-quentemente alcançar a situação de avolumar as remessas.

Há ainda^uma terceira circunstância a ponderar. É que houve de facto uma grande saída de capitais do Brasil para Portugal. .

Só o Banco Português do Brasil tem hoje depositada om duas casas de Lisboa a quantia de .14 mil contos.

Vou explicar como o Banco pôde, no primeiro ano de vigência do contrato, remeter 16 rnil libras, quando a sua sede no Brasil só tem um capital de 3:000.000$, e quando o estado da Agência não permitia o lucro de 16 mil contos.

Mas não foi só possível osta especulação, foi também possível uma outra: recebiam-se, por exemplo, mapas indicando

que determinados Bancos fariam remeter enormes quantidades do escudos para Portugal, o que íuzia renascer nu praça a contiança, mas isso fazia-se aponas na véspera do navio partir do Brasil, porque logo tío dia seguinte os saques eram anulados.

Se V. Ex.as tiverem ocasião de consultar a lista dos saques anulados terão ocasião de verificar a sua enormidade.

Por aqui se pode ver que uma grande parte da responsabilidade dessas especulações pesa exactamente sobre aqueles que mais pedras atiram sobre os outros.

Então, para fazer uma idoa da situação, e porque se falava em Bancos estrangeiros que se tiuham instalado no> Rio do Janeiro para lazer longas especulações, eu consultei no primeiro ano os mapas que indicavam as remessas do Brasil, somei os saques de importância superior a 50 contos e dúidi a questão em dois períodos. Se de facto até a criação do Consórcio, isto é, até o dia 10 de Janeiro convinha vender libras ao Esiadlo, daí em diante nenhuma conveniência es.istia. Efectivamente, dfsde que se podiam vender libras a 13 em todos os cantos da Rua dos Capelistas, natural era que assim sucedesse.

Pois no primeiro período o Banco Português no Brasil figura com uma remessa que passo a expor.

Se a especulação existiu, existiu através dos cavalheiros que estivaram em scena. E aqui encontram V.Ex.as os que beneficiaram da Agência Financial e aqueles que com a Agência nada tinham senão rivalidades, para todos os paladares, desde o Banco Ultramarino até o Banco Português no Brasil.

Há ainda uma afirmação que me surpreendeu pelo ar de seriedade com que foi feita, mas o' seu raciocínio é verdadeiramente infantil.

Compraram-se 500:000 libras, baixou o câmbio dois pontos; compraram-se 200:000 libras depois e o câmbio baixou um ponto.