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Diário da Câmara ãox Deputados

tudo foi a do uào se consentir a saída, de capitais, e a agência instalou se com o fim exclusivo de pagar os juros dos fundos públicos portugueses, receber os lundos dos consulados e transferir os fundos existentes por meio de operações de tesouraria, segundo o estatuído no regulamento de 1889.

Mas logo se começou a desviar dinhei-ros, fazendo coberturas de saques, etc., o que não era autorizado pelo regulamento de 1889, o que levantou vários protestos do Governo brasileiro.

-Eu leio à Câmara vários documentos de protesto contra a forma dti proceder da agência financial.

O Brasil vive hoje a braços com uma crise profunda. Viu o seu câmbio baixar e tomou -meios de defesa que rios podem atingir.

Vê-se isso bem claramente, por exemplo, da crónica financeira do jornal Lê Brasil, de 26 de Dezembro de Í9.ÍO.

De modo que, a minha opinião exprime-se em duas palavras: nós andávamos a vender a pele do urso, andávamos a contratar aquilo que nos nào pertence.

O Brasil tem o seu câmbio com a divisa a baixar dia a dia, e por isso viu-se obrigado a controlar os seus Bancos para não permitir uma grande drenagem do ouro. Mas, é neste momento, num momento grave, em que a ríiína é inevitável, se porventura se fecha a torneira do ouro do Brasil, que é a única que temos, que se levanta uma campanha, onde talvez haja intenções patrióticas, mas, na grande maioria, há apenas a intenção do atingir o Ministro das Finanças, e derrubar aquele Ministro que, intransigentemente, no seu posto de honra, tem defendido os cofres do Estado.

Progunta-se: £ Porque é que fiz uma circular secreta?

Pela mesma razão por que reputo um crime a publicação do contrato do Sr. Kamada Curto, e é um crime, porque, desde que não está claramente esclarecido que as operações a que respeita esse contrato são possíwis dentro do regulamentos aprovados polo Governo brasileiro, nós na"o podemos vonder a pele do urso, nós não podemos fazer um neto, sob o ponto de vista internacional, :alvez até condenável. Eu não podia abrir concurso público, para arrematar uma cousa que

eu tinha dúvida sobre se o podia fazer; eu nào podia abrir concurso público, re-petiudo o erro que outros t nhani praticado, tinha de o fazer secreto.

Couservei-o intransigentemente secreto, e se alguém conhece a circular que eu enviei aos Bancos, é que êsss alguém se mancomunou com criminosos, que cometeram um crime previsto e punido em polícia correccional.

A publicação desses documentos serve apenas como arma para anavalhar o Ministro.

Eu não estou arrependido de ter feito um concurso secreto, e se uma segunda vez me encontrasse na mesma posição em que estava, segunda vez fazia um concurso secreto.

V. Ex.as sabem que, muitas vezes, os Estados são obrigados a ton.ar medidas que é preciso*(}ue não apareçam à luz da publicidade. Esses homons que cometeram o crime de denunciar uni documento secreto; esses homens que, l:>go na própria hora em que o receberam, o publicaram — e eu sei de um Banco que tirou 50 exemplares para enviar Tpara os jornais— sem esperar que alguém viesse ao Parlamento acusar o MinistrD, esses homens praticaram uma má acçilo.

O Ministro tistava agora perante a Câmara nesta situação melindrosa: para se defender tinha de dizer que tinha cometido um acto que não era correcto. Se não o fizesse, ficava amarrado ao tal pelourinho a que não quero ficar amarrado. (Apoiados).

Tenho-me sacrificado pelos interesses do Estado. Não me quero sacrificar mais quando a minha honra é ferida.

Não quis abrir um concurso público porque o não devia fazer.

Ainda ninguém demonstrou que aquela operação do contrato Kamada Curto seja legítima.

Nunca poderiam vir senão cinco mil libras por ano.

Foram necessariamente pa:a as mãos dos banqueiros particulares para alimentar essa. especulação cambial «3 perturbar mais a situação do País.

O fim da campanha não é outro: condenar o Ministro.