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Seasâo de 10 de Jaivei¥o de 1921

para se firmarem os contratos do trigo e do carvão. . .

(Interrupção do Sr. Pais Rorisco que provoca aparte do /Sr. I no tendo Camacho e agiiacão).

O Orador : — Nesse mesmo dia em que o Ministro aparecer lançado às feras, ò Ministro olhou para eles com desprezo infinito.

Vi por um artigo de O Século que o fim em vista é amarrar o Estado à cumpra directa na praça. Pôr o Estado à mercê dos especuladores, embora o Estado perca.

Eu declaro aqui que, se há qualquer razão para suspeita, se proceda por outro motivo.que não seja o interesse do Estado, mas para os interessas dos ouíros.

Declaro, pois, isto bem claramente à Câmara, para que veja a razão que me assiste, pois a verdade é que a denúncia do contrato foi feita antes de ter chegado ao Tejo o vapor Lutétia com duas mil libras enviadas pelo Banco Brasileiro, remessa esta que foi feita antes de ele saber da denúncia do contrato.

Para que a Câmara possa analisar qual será a nossa situação em 15 de Março vou expor às Câmaras as respectivas circunstâncias.

Depois das remessas a que acabo de me relerir, nós devemos ficar com umas oitenta mil libras.

Para maior elucidação, Sr. Presidente, eu vou ler à Câmara um telegrama que foi recebido na Direcção da Fazenda Pública.

Por ele se vê, Sr. Presidente, quetendo--rue o Sr. Ministro da Agricultura pre-guntado qual a disponibilidade que havia para a compra de trigos, eu não podia deixar de lhe dizer a verdade, isto é, que não tínhamos nenhuma', absolutamente nenhuma, tendo nós de efectuar paga1 mentos importantes.

Já vê portanto a Câmara qual será a nossa situação até lõ de Março, e assim, se quisermos ter trigo havemos de o pagar em libras.

Temos, ó facto vários pagamentos a efectuar, e entre eles a entrega que temos de fazer à Junta do Crédito Público.

Por tudo isto que acabo de expor à Câmara, já ela verá se eu tinha ou não urgência em resolver o assunto.

O que é facto, Sr. Presidente, é que nós até 3(J de Junho, conformo os documentos que tive a honra de ler à Câmara, temos de adquirir nrn milhão, setecentas e nove mil libras, e assim tendo eu apenas pedido um milhão e duzentas mil libras, foi com o intuito de diminuir o déficit.

Naturalmente para o Estado continuar a ir à praça e o câmbio vir a 4, o que seria a morte e a ruína deste país.

Eu tinha pressa, como Ministro das Finanças, de poder p.-igar aquilo a que era obrigado. Tinha de pagar 106 mil libras, além de. 200 mil libras de carvão, o que fazia um total de 3b'b' mil libras. Eu não podia tazer outra cousa que não fosse um concurso secreto. Não tinha a certeza da legitimidade da operação que ia fazer.

Vamos agora ao contrato.

Eu tenho ouvido afirmar as cousas mais extraordinárias.

V. Ex.as sabem que nos próprios saques se escreve só Agência Financial.

O Sr. Bento Mântua, chefe de repartição, deu a sua opinião, vendo-se que as repartições falaram por forma a vêr-se que o sigilo era sigilo, e quem tem falado na Agência Financial percebe tanto de finanças como eu percebo de lagar de azeite.

A especulação tanto se podia fazer com o Banco do Brasil como com qualquer outro banco. Havemos de ver como a tal circular acautelava os interesses do Estado.

A especulação tanto se podia fazer com um banco como com outro.

O mecanismo é simples.

Os bancos no Brasil, por intermédio dos seus agentes, tomariam saques duma determinada importância. Por exemplo, o Banco Nacional Ultramarino, só num mês tomou saques na importância de seis mil contos.

• Para a Direcção Geral da Fazenda Pública e para o Banco de Portugal vêm as listas com os nomes dos beneficiários e assim poderemos saber quem fez, se é que sa fizeram, as grandes especulações.