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Diário da Câmara dos Deputados

todas as entidades que do assunto tinham conhecimento, e se mais tarde pretendi fazer um concurso secreto, foi porque a isso se impunha o meu dever.

Mas, Sr. Presidente, comecemos pelo princípio, visto que é pelo princípio que se deve começar, e assim vou passar a ler à Câmara uns telegramas que tenho aqui presentes e que dizem o seguinte:

O orador faz leitura de vários telegramas referentes às relações financeiras do Estado, e em que se lhe faziam exigências de regularizar as suas condições de crédito.

Dizia claramente isto: não pagamos, porque o Estado Português não tem crédito.

Examinemos as contas. O Ministro das Finanças encontrou-se diante desta situação: o Estado tinha fechado contratos para a aquisição de trigos na importância, de 1.500:000 libras.

E vem a-pólo explicar à Câmara que uma infame campanha nos jornais tem vindo proclamando aos quatro ventos que o Governo da presidência do Sr. Liberato Pinto comprou trigos em tais e tais condições. Essa infame campanha mente, porque nenhum contrato de trigo foi firmado durante a presidência do Sr. Liberato Pinto. O Governo do Sr. Liberato Pinto encontrou contratos firmados em condições terríveis para o Estado, e alguns deles tive, pela força' das circunstâncias, de os liquidar, porque assim se exigia. O Governo do Sr. Liberato Pinto não comprou um bago de trigo. Teve apenas de pagar o trigo que encontrou comprado.

Pagou 600:000 libras de trigo e fechou o contrato na importância de 1.140:000 libras.

O Estado tinha débitos em Londres na importância de 2.190:000 libras e encontrou contratos fechados e pedidos de abertura de créditos no Ministério das Finanças na importância de mais de um milhão de libras. Além disso tinha de pagar 257:000 libras ao Baring Bank; 500:000 ao London Bank, e de efectuar pagamentos ao caminho de ferro de Mormugão e não tinha um real para pagar a maior parte destas importâncias.

Como apareceu esse dinheiro *!(Apartes).

Foi então que se declarou nos jornais, numa nota oficiosa que eu tinha efectuado pagamentos na importância de 1.120:000 libras.

E logo veio a preciosa nota oficiosa intitulada «O joven Ministro das Finanças» que merecia ter um sub-títula.

E a habilidade explicava-s3 de uma maneira muito simples, que thoam sido'pagas com dinheiro da Agência Financial do llio de Janeiro, da qual esperava uma grande remessa.

Houve o anúncio que vinha da Agência Financial uma remessa de 3.000:000 libras e por desgraça diabólica encontrou--se essa remessa reduzida a 1.450:000 libras.

Já V. Ex.a vê que era muito difícil a situação.

Mas, se paguei essas libras, foi com dinheiro que emprestei ao Etitado? Não, porque não o tenho. Vou explicar como o arranjei.

Em primeiro lugar fui ter com aqueles Bancos, para que pagassem uma parte desse dinheiro.

Assim exigi a vários bancos que pagassem 257:000 libras.

Pagaram os Bancos 257:0(00 libras; já temos portanto que juntar às 145:000 mais 287:000 libras. Depois pedi naturalmente ao Banco de Portugal, ele que recebe o produto das guias ouro, que nos cedesse uma parte do dinheiro que devia receber, foram 188:000 librt.s, mas, faltava-me ainda muito dinheiro pedi-o porque não tinha outra maneira de o arranjar. Nessa ocasião retini os representantes das associações comerciais e industriais no meu gabinete, apelei para o sabido patriotismo de S. Ex.as, falei-lt.es uma linguagem de irmão para irmão, como um português deve falar para cutro português; alma bem clara e lavada para outras almas que tive a ilusão de supor lavadas e claras como a minha, e então disse-lhes : a situação é grave, estamos diante de dificuldades enormes, o Estado a continuar neste caminho terá de recorrer à praça. S. Ex.as sentiram-se tão compungidos como eu e a primeira cousa que fizeram logo que saíram do gabinete foi correr aos seus amigos a anunciar-lhes que o Estado tinha de recorrer à praça, que comprassem cambiais, e o câmbio de queda em queda veio cair a 5 3/s«