O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 10 de Janeiro de 1921

25

Se é certo que o Estado entregou algumas libras à praça, e as entregou dum modo que não foi o mais consentâneo com os altos interesses do País, também não é menos certo que o Estado só encontra a braços com um déficit grande e que as libras que comprou ainda foram deficientes para as suas necessidades.

Se o Estado não tivesse comprado essas libras por intermédio da Ag ncia Financial teria de as comprar directamente na praça:

O Estado não armazena libras. ^0 Estado comprou libras para quê? Para as ter guardadíis? Não; foi para satisfazer as suas necessidades. Repito, se não tivesse comprado essas libras por intermédio da Agência Financial, tinha de as comprar na praça.

A todos aqueles que afirmam com uma sereuidade de crentes direi que esta foi ainda á melhor forma que o Estado tinha para comprar as libras.

,; Porque é que os câmbios baixaram ? Baixaram porque houve portugueses que colocaram lá fora os seus dinheiros, muitos milhares de libras, porque houve outros que empregaram muitos milhares de contos em títulos externos. Estas foram as causas da baixa do câmbio.

Aqueles que afirmam o contrário do que deixo exposto não conhecem a causa da nossa situação. Estamos assim porque realmente a nossa exportação tem diminuído muito e não se tem valorizado a nossa importação.

Mas pregunto: £ Pode isto tornar-se um perigo?

Pode. No momento que o Estado recebesse mais libras que aquelas que fossem necessárias, o Estado teria de ir à praça vender libras, e porventura estando o câmbio mais alto, haveria prejuízo,

Não quero ferir a ninguém, nem cobrir gatunos, mas neste momento a especulação era impossível. A praça está exausta e não comporta tais manobras.

Disse o Sr. Leio Portela que eu posso diminuir os saques.

Imaginemos que se marcava o limite de doz contos aos tomadores de saques.

Isto não era possível, mas imaginemos que era possível.

O Estado marcava o limite.

Eu, se quisesse ser homem de habilidades, bastava, para me defender, dizer que isto foi uma sondagem.

Nunca ninguém viria ao concurso.

Mas eu não necessito des^a defesa.

Eu já declarei que não necessito de habilidades para me defender e sinto-me bem dentro da maneira como tenho procedido, aceitando toda a discussão sobre os meus actos.

O Sr. Presidente: — Falta pouco tempo para a hora de se encerrar a sessão e há ainda dois assuntos a liquidar. Se V. Ex.íldeseja, reservo-lhe a palavra para a sessão seguinte.

O Orador: — Nessas circunstâncias peço para ficar com a. palavra reservada.

Sr. Presidente : eu vou concluir por hoje. O assunto merece especial atenção, não se exgota com duas palavras e eu vou finalizar dizendo à CAmara que tome ela estas palavras como quiser; agora mesmo me chega a notícia de que se recebeu um telegrama comunicando que estava assegurado o empréstimo externo. Oxalá que aqueles que porventura me venham suceder consigam levar a cabo estas negociações.

Eu declaro a V. Ex.a, Sr. Presidente, que todos aqueles que, sem o saber ou sabendo-o, fazem o jogo dos que querem que o Estado .vá comprar libras para as impingirem por todo o preço, esses, quando interrogarem a sua consciência, hão--de senti-la menos tranquila do que eu a sinto, hão-de dormir menos sossegados do que eu tenho dormido e vou dormir, certo (|e que por muito bem dirigido que seja o assalto podem explorar o Ministro, mas fica o homem e o homem não se destrói com essa facilidade. (Apoiados).

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Presidente: — Há pouco, durante o discurso do Sr. Ministro das Finanças, estabeleceu-se uma certa exaltação, tendo sido proferidos vários apartes.